A Comissão Parlamentar de Inquérito constituída com a finalidade de investigar as violações dos direitos humanos e demais ilegalidades ocorridas nas universidades do Estado de São Paulo, nos chamados trotes, festas e no seu cotidiano acadêmico, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), ouviu, nesta sexta-feira, 20/2, o depoimento de uma estudante da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. A estudante, cujo nome solicitou-se não ser revelado, contou que foi violentada pelo ex-namorado, também estudante da Faculdade de Medicina, numa região conhecida como "lago", no campus da universidade. A depoente contou que havia terminado o relacionamento por ter percebido a personalidade instável do rapaz, que por diversas vezes a humilhou e desmoralizou na frente de outros estudantes. Como o ex-namorado insistisse em vê-la, ameaçando suicidar-se, ela aceitou conversar, ocasião em que ele a violentou. A estudante revelou os fatos a um amigo do ex-namorado, solicitando que este o encaminhasse para tratamento psiquiátrico. Registrou boletim de ocorrência e fez exame de corpo delito, na Delegacia da Mulher. Informou os fatos à direção da faculdade, que se comprometeu a abrir sindicância para apurar o ocorrido. Preconceito contra a vítima Entretanto, a vida da estudante na faculdade tornou-se bastante difícil: parte dos colegas a ignorava, parte a hostilizava e parte demonstrava curiosidade. O amigo do acusado, o primeiro a ser informado dos fatos, promoveu uma campanha de mentiras e difamações contra a moça, alegando que era tudo mentira dela. O atual namorado da jovem também tem sofrido ameaças e hostilidades por parte de outros estudantes. Segundo a estudante, o "manual do calouro" publicado na internet, descreve o ex-namorado como "gente boa e confiável". A estudante conseguiu evitar a impressão em papel do manual. No momento, o acusado não está frequentando as aulas em função de medida protetiva expedida pela justiça que determina que ele não se aproxime da estudante. Contudo, a jovem revelou não ter informações sobre o andamento da sindicância instaurada pela faculdade. Seu advogado, presente à CPI, afirmou que não localizou o ato administrativo que teria instaurado a sindicância.