Aula inaugural do curso Produção Intelectual de Mulheres Negras

Em sua terceira edição, curso abordará trajetória da mulher negra no Brasil e na África
09/03/2015 19:39 | Da Redação Fotos Roberto Navaro

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 Consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168072.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Aula inaugural do curso "Produção Intelectual de Mulheres Negras"<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168073.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Curso "Produção Intelectual das Mulheres Negras - Trajetórias das Mulheres Negras no Brasil"<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168074.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> O curso é promovido pela Associação Mulheres de Odum em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do governo federal, e o apoio do deputado Professor Tito <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168075.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Aula inaugural do curso "Produção Intelectual de Mulheres Negras"<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg168076.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Aconteceu nesta segunda-feira, 9/3, na Assembleia Legislativa, a aula inaugural da terceira edição do curso Produção Intelectual das Mulheres Negras - Trajetórias das Mulheres Negras no Brasil, promovido pela Associação Mulheres de Odum, em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do governo federal, e o apoio do deputado Professor Tito (PT).

Viviane Ferreira, presidente da Associação Mulheres de Odum, explicou que a entidade trabalha com a democratização dos bens culturais, e o curso é um importante instrumento neste sentido. Ele se divide em três níveis: a trajetória da mulher negra no Brasil, a trajetória da mulher negra no Brasil em conjunto com a África e a trajetória da mulher negra na África e sua diáspora. Neste momento, tem início a terceira edição do primeiro nível do curso.

A coordenadora do curso, Eucimar Pereira, disse estar feliz e, ao mesmo tempo inquieta, com o início do curso. Foram mais de cinco mil inscrições para a terceira edição, o que mostra um amadurecimento em relação às duas anteriores, desta vez com o convite a outras pessoas. Trata-se de um curso à distância cujo desafio é ir além da abstração e pensar estratégias de intervenção na realidade. Além disso, a terceira edição prevê uma publicação no final.

Dalila Negreiros, representante da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, lembrou que é a primeira vez que a secretaria realiza uma atividade como esta. O edital foi aberto de forma original, direcionado exclusivamente para entidades de mulheres negras cuja diretoria fosse composta apenas de mulheres negras. Dalila observou que, embora haja hoje maior inclusão da mulher negra no processo educacional, conforme a escala educacional sobe, a inclusão torna-se mais difícil. Além disso, a renda da mulher negra continua sendo menor do que a do homem negro, da mulher branca e do homem branco.

Combate ao racismo e ao sexismo

Para a doutora em sociologia pela PUC-SP, Regimeire Oliveira Maciel, a questão essencial a ser tratada no curso é a visibilidade da produção cultural das mulheres negras, que sempre foi colocada à margem, permanecendo invisível. Segundo ela, há demanda urgente de combate ao racismo e ao sexismo. O curso seleciona algumas mulheres negras que tiveram importante papel em nossa história e, ao fazê-lo, serve de inspiração e incentivo a esse combate.

Dentre os temas a serem abordados, estão o papel das rainhas africanas, a atuação das mulheres nos espaços quilombolas, a maneira com as mulheres enfrentaram a escravidão criando espaços de resistência, a atuação das mulheres no movimento abolicionista e a luta pela sobrevivência no período pós-abolição. Como elas se organizam? Quais caminhos trilharam e trilham atualmente em sua luta? São algumas perguntas a serem discutidas.

Flávia Mateus Rios, doutora em sociologia pela Universidade de São Paulo, enfatizou a abordagem longitudinal do curso, que abrange a atuação da mulher negra em toda a história do Brasil. Destacou a biografia de duas mulheres negras expoentes da produção intelectual no país, que serão avatares do curso: Carolina de Jesus e Lélia Gonzales.

A primeira, nascida em comunidade rural de Minas Gerais, acabou migrando para São Paulo e ficou conhecida pelos escritos, em forma de diário, em que descreve seu dia a dia na favela. O mais famoso deles é o Quarto de Despejo.

Lélia Gonzales, filha de ferroviário negro e empregada doméstica indígena, era a penúltima de 18 irmãos, entre eles o futebolista Jaime de Almeida, que jogou pelo Flamengo. Nascida em Belo Horizonte, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1942. Graduou-se em história e filosofia e trabalhou como professora da rede pública de ensino. Seus escritos são permeados pelos cenários da ditadura política e da emergência dos movimentos sociais, e identificam sua constante preocupação em articular as lutas mais amplas da sociedade com a demanda específica dos negros e, em especial, das mulheres negras.

Autoestima das crianças negras

Filha de pai da Gâmbia e mãe francesa, a consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras, falou sobre sua trajetória e as dificuldades enfrentadas por ser negra. Para ela, uma importante forma de combater o racismo é trabalhar a autoestima das crianças negras, resgatando a história de figuras negras que realizaram importantes feitos na história da humanidade. "Somos responsáveis por reconstruir e reequilibrar a história, mostrando toda a contribuição à civilização dos afrodescendentes", declarou.

O deputado Tito afirmou que seu mandato dialoga há muito tempo com o movimento negro. Esta atividade, lembrou, veio como continuidade das celebrações do Dia Internacional da Mulher para reforçar a importância da luta contra as desigualdades e o racismo.

alesp