Opinião: Aposentadoria aos 25 anos para mulher policial: uma questão de justiça


30/03/2015 14:54 | Coronel Camilo*

Compartilhar:


No mês de março comemora-se o Dia da Mulher, uma data especial e oportuna para valorizar quem mais faz acontecer em nossas famílias, especialmente as mulheres que atuam em áreas diferenciadas, como as nossas policiais militares. Na linha da segurança pública, área que mais defendo nesta Casa, é justo estender benefícios que podem fazer a diferença na vida delas. Um deles é a aposentadoria aos 25 anos de serviço.

Assim como já ocorre com as professoras, as mulheres da segurança merecem essa atenção. A mulher tem uma dupla jornada e algumas vezes até tripla, sujeita a enorme carga de estresse. Além de atuar no policiamento e nas atividades de bombeiro, protegendo pessoas e salvando vidas, cuida da casa, sai cedo para trabalhar, é responsável direta pela educação dos filhos e pela coordenação de todas as atividades do lar.

Aqui na Assembleia vou avaliar projetos que contemplem esses anseios e, se preciso for, criar outros que possam agregar valor. Objetivos semelhantes já ocorrem na esfera federal, a partir do amigo capitão Augusto. Recentemente, ele divulgou o PL 237/1205, que prevê que as mulheres policiais consigam encerrar a carreira aos 25 anos.

Quando no cargo de comandante-geral da Polícia Militar (2009 a 2012), encaminhei, por duas vezes, expediente ao governo Estado para concessão dos 25 para nossas policiais. Estávamos no caminho certo. E isso não pode parar. A família policial-militar precisa de valorização, assim como todos que integram a segurança pública. Refiro-me aos policiais civis também, que dão uma forte contribuição à sociedade.

Ainda no comando, conseguimos incluir mais de 17 mil mulheres na segurança de São Paulo. Promovemos a unificação dos quadros da polícia, efetivada há três anos, uma ação que permitiu às policiais militares as mesmas oportunidades de ingresso dentro da corporação, bem como iguais possibilidades de desenvolvimento na carreira.

Para se ter uma ideia, as mudanças deram chance às oficiais femininas de ocupar o cargo de comandante-geral da PM, o que antes a lei não permitia.

Assim, a mulher vem ocupando cada vez mais espaço na polícia de São Paulo e nós exultamos com isso. Já tivemos a coronel Fátima, que ocupou a chefia da Casa Militar e também comandou o policiamento de Área da região de Sorocaba. A coronel Eurídice foi subchefe do Estado-Maior e a coronel Maria é a chefe do Centro de Comunicação Social da PM.

A presença da mulher na PM foi pioneira no Brasil, tendo início em 1955, pela iniciativa da imortal coronel Hilda Macedo, primeira comandante do Corpo de Policiamento Feminino. Mais tarde, esse corpo foi incorporado à Guarda Civil que, com a fusão com a Força Pública em 1970, passou a constituir a atual Polícia Militar.

Desde 1987, a Academia de Polícia Militar do Barro Branco passou a admitir alunas oficiais. Três integrantes dessa primeira turma de cadetes ascendeu recentemente ao último posto da carreira. A coronel Cláudia Riggon comanda o ABC, a coronel Nikoluk comanda a região de São José dos Campos e a coronel Helena está à frente da Escola Superior de Sargentos.

Espero que São Paulo prossiga no mesmo caminho, como já existe em outros Estados e, reconhecendo que nossas diferenças nos valorizam e igualam, conceda os merecidos 25 anos para as policiais. A mulher é um alicerce da família, base de todos os valores. É uma questão de justiça.

*Coronel Camilo é deputado estadual pelo PSD.

alesp