Professores em greve ganham apoio de parlamentares

Deputados do PSOL, PT e PCdoB participaram de reunião
08/04/2015 20:22 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Márcia Yamamoto

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Leci Brandão, Roberto Guido, Pedro de Carvalho, Silvio de Souza e Carlos Giannazi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2015/fg169084.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Professores em greve se manifestam contra o reajuste zero<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2015/fg169077.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlos Giannazi (ao centro) conclama grevistas a se posicionarem contra o projeto de Lei de terceirização <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2015/fg169078.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Barba e Roberto Guido, secretário de Comunicações da  Apeoesp<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2015/fg169079.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Assembleia Legislativa sediou nesta quarta-feira, 8/4, reunião presidida pelo deputado Carlos Giannazi (PSOL) em apoio à greve dos professores da rede oficial de ensino.

Antes de ouvir as manifestações da categoria, representada por diretores do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp), Giannazi contou, informalmente, que na manhã desta quarta-feira, o secretário estadual da Educação Herman Voorwald havia se reunido com deputados do PSDB na Assembleia, e apresentado duas propostas para os professores em greve: a inclusão dos professores da categoria "O" no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) e a contratação desses mesmos professores por um período de três anos.

Giannazi lembrou que antes da sanção da Lei 1.093/2009 (que criou a categoria "O" no magistério paulista) pelo governador, ele havia apresentado emendas e acionado o Ministério Público do Estado de São Paulo, numa tentativa de anular a lei. Entretanto, todas essas iniciativas foram neutralizadas pelo bloco governista da Assembleia. Questionou ainda a vigência do Decreto 61.132 que impede reajustes salariais, argumentando que "existe uma lei estadual de 2006 que institui data-base para os servidores do Estado".

Silvana Soares de Assis, diretora da Apeoesp, referiu-se às doenças que acometem os professores: depressão e transtorno de humor, sendo que esta última não é reconhecida pelo governo como decorrente do trabalho. Ela condenou o reajuste zero aos salários dos professores, cuja remuneração inicial gira em torno de R$ 2.200,00 por 40 horas de trabalho. "Este foi um dos motivos que nos levou à greve que já se estende por quatro semanas", justificou.

Apoio de parlamentares

A audiência pública contou com a participação de outros cinco deputados, além de Giannazi. Dentre eles, a deputada Leci Brandão (PCdoB) foi a primeira a se manifestar. Contou que, durante sua infância, sendo filha de uma servente escolar, acabou por morar em três escolas no Rio de Janeiro. E, assim, teve bastante convívio com professores, os quais, recorda-se, pertenciam a uma esfera social elevada e suas famílias orgulhavam-se de ter um filho professor.

Segundo Leci Brandão, foi a ditadura que aviltou a remuneração do magistério, que deve ser restabelecida. "Mais do apenas lecionar História ou Geografia, esses profissionais formam crianças para a vida".

Luiz Turco (PT) lembrou que os professores em greve ocuparam a Assembleia em 1993 e conclamou os grevistas a percorrerem os gabinetes dos deputados, apresentando suas reivindicações e solicitando apoio ao movimento. O deputado Barba (PT) relatou sua trajetória de metalúrgico no ABC, acentuando que "o papel do governo seria o de formar uma mesa de negociações permanente". Comparou os salários dos metalúrgicos com os dos professores da rede pública: o de um montador (R$ 5.200,00) corresponde ao dobro da remuneração de um professor da rede pública.

O professor Auriel (PT) criticou a quarentena e a duzentena, contratos que impedem os professores de dar aulas durante 40 ou 200 dias ao ano, período no qual não recebem salários. Lembrou que foi professor de 1988 a 2005, período em que pôde experimentar o descaso à categoria.

O líder do PSOL, Raul Marcelo, disse que a primeira iniciativa de seu atual mandato foi a apresentação de um projeto revogando um dos artigos da Lei 1.093, que criou o período de 200 dias em que o professor fica impedido de lecionar e que teria colocado à margem 30 mil professores da rede pública. Ao comparar valores, lembrou que um professor no Chile recebe anualmente 35 mil dólares, enquanto no Brasil, a remuneração do ano não chega a 15 mil dólares.

Marcelo anunciou que a partir das próximas sessões plenárias, seu partido fará obstrução dos trabalhos, até que seja aberta a negociação entre o governo e os grevistas.

Silêncio da mídia

Roberto Guido, secretário de comunicações da Apeoesp, criticou a mídia por não fazer menção à greve que "está aí, é fato". Segundo ele, dentre 212 mil professores do Estado, 70% encontram-se em greve. Conclamou os grevistas a fazerem pressão na base eleitoral dos parlamentares, já que "em suas cidades, os deputados prestam contas ao eleitorado, não ao governo".

Silvio de Souza, secretário de comunicações adjunto, relembrou a ocupação do prédio da Assembleia pelos professores em 1993, razão pela qual foram colocadas grades em torno do Parlamento; e depois em 2005, quando a categoria ocupou as galerias novamente, lutando pela melhoria salarial. "Depois dessa manifestação, foram instalados os vidros que hoje separam o público dos parlamentares no plenário Juscelino Kubitscheck", relatou. Souza criticou a superlotação das salas de aula, que chegam a comportar cem alunos, enquanto há professores desempregados.

Sérgio Martins da Cunha rejeitou o reajuste zero e pediu abertura das negociações, alegando que a greve não é um movimento só dos professores, mas conta também com a simpatia dos alunos e a compreensão das famílias.

Eliana Nunes, da Apeoesp de Arujá e Santa Isabel, conclamou os grevistas a participarem de uma manifestação nesta sexta-feira, 10/4, em frente ao Palácio dos Bandeirantes.

alesp