Aprovado projeto que reconhece o genocídio do povo armênio

O massacre ocorreu durante o governo dos chamados Jovens Turcos, de 1915 a 1917
09/04/2015 20:00 | Da Redação: Joel Melo

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Memorial em Lárnaca, Chipre, um dos primeiros países a reconhecer o genocídio.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2015/fg169129.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O PL 1.266/2014, de autoria de Pedro Tobias (PSDB), que institui o Dia do Reconhecimento e Lembrança às Vítimas do Genocídio do Povo Armênio, foi aprovado nesta quarta-feira, 8/4, e assinala a data de 24 de abril para que o fato seja rememorado anualmente. Na justificativa de Pedro Tobias, o 24 de abril foi escolhido por ter sido o dia em que, no ano de 1915, dezenas de lideranças armênias foram presas e massacradas em Istambul.

Tobias cita que, em 13 de setembro de 1915, o parlamento otomano aprovou lei temporária de expropriação e confisco, afirmando que os bens, como casas, terras, gados etc. pertencentes ao povo armênio, seriam confiscados. Com a implementação de uma lei, denominada Lei Tehcir, o confisco de bens e o massacre de armênios se seguiu, deixando indignada grande parte do mundo ocidental. "Nos Estados Unidos, o jornal The New York Times relatou continuamente o assassinato em massa dos armênios, descrevendo o processo como "sistemático", "autoritário" e "organizado pelo governo". Posteriormente Theodore Roosevelt caracterizou tal fato como o maior crime de guerra.

Os armênios foram levados para a cidade síria de Deir ez-Zor e depois para o deserto ao redor. As evidências sugerem que o governo otomano não forneceu quaisquer instalações ou suprimentos para sustentar os armênios durante a sua deportação. No mês de agosto de 1915, o The New York Times reproduziu um relatório que dizia que "nas estradas e no rio Eufrates estão espalhados os cadáveres dos exilados, e os que sobrevivem estão condenados a uma morte certa. É um plano para exterminar todo o povo armênio". Tropas otomanas escoltando os armênios não só permitiram roubos, estupros e assassinatos, como muitas vezes participaram elas próprias de tais atos bárbaros. Privados de seus pertences e marchando para o deserto, centenas de milhares de armênios morreram, ficando essas marchas conhecidas como marchas da morte.

Acredita-se que 25 grandes campos de extermínio existiram, sob o comando de Sükrü Kaya, um dos maiores colaboradores de Mehmed Talat, então ministro do Interior. A maioria dos campos ficavam localizados próximos das atuais fronteiras entre Turquia, Síria e Iraque, sendo que alguns foram de trânsito temporário. Outros, como Radjo, Katma e Azaz, podem ter sido usados para valas comuns. Os sobreviventes do genocídio saíram do Império Otomano e instalaram-se em diversos países " fato conhecido como a diáspora armênia. Estima-se que a diáspora atingiu mais de 8 milhões de armênios. A Turquia não reconhece o genocídio armênio.

O número de armênios no Brasil chega a aproximadamente 25 mil, sendo a maioria residente na cidade de São Paulo.

Papa recebe bispos da Igreja Armênio-Católica

Conforme notícia da Rádio Vaticano, no dia 9/4, o papa Francisco recebeu em audiência bispos do Sínodo Patriarcal da Igreja Armênio-Católica para discutir o massacre de 100 anos atrás. O pontífice anunciou que presidirá a Santa Missa, neste domingo, 12/4, na Basílica Vaticana, em memória das vítimas da perseguição ocorrida no então Império Otomano. Francisco prometeu "invocar a misericórdia divina para que nos ajude a curar toda ferida e acelerar gestos concretos de reconciliação e de paz entre as nações que ainda não conseguem chegar a um consenso razoável sobre a interpretação daqueles tristes fatos". O papa saudou, ainda, os fiéis da diáspora, que hoje vivem em tantos países, e citou o papel do papa Bento 15, "que durante o êxodo interminável sofrido pelos armênios", interveio junto ao sultão Mehmet 5 para deter o massacre.

alesp