Cerca de três meses após a posse, a Assembleia promove a primeira exposição nesta legislatura do seu Acervo Histórico, ligado ao Departamento de Documentação e Informação. No próximo dia 15 de junho, a partir das 9h, data prevista para a inauguração, o público poderá visitar no Hall da Biblioteca da Casa a exposição de fotos Cenários - Cidades do Interior de São Paulo no Começo do Século 20, que mostra a história do Estado através de 220 fotos e oito mapas com imagens de 12 cidades paulistas. Esse material foi usado nas décadas de 1910 e 1920 como documentação para nove processos de emancipação, um de elevação à comarca (Penápolis) e dois de recursos contra cobrança de impostos municipais (Jaú e Araraquara), que tramitavam no Parlamento paulista. Sob a curadoria de Carlos Ungaretti Dias, a exposição traz uma linha do tempo para contar a história dos critérios de emancipação dos municípios desde o Brasil Colônia. As cidades retratadas, além das citadas, são Americana, Avaí, Aparecida, Cajobi, Macatuba, Pindorama, Tapiratiba, Uchoa e Vargem Grande do Sul. "Para dar suporte à mostra, foram produzidos textos que apresentam os principais argumentos dos moradores e autoridades para justificar a reivindicação constante nos processos em questão", explicou Carlos Dias. A partir desta edição, apresentaremos um pouco da história das cidades representadas na mostra. Americana A região de Americana começou a ser ocupada no final do século 18. Com a chegada da Cia. Paulista de Estradas de Ferro em 1875, foi construída uma estação no trecho que seguia para Rio Claro, na fazenda Machadinho, comprada pelo governo central e loteada para imigrantes italianos e para um grupo de cerca de dois mil americanos que fugiam da Guerra de Secessão. Em 1904, a Vila Americana foi elevada a distrito de Campinas, após longa disputa com o município de Santa Bárbara d"Oeste, ao qual era vinculada. A emancipação de Vila Americana teve início com a representação dos moradores à Câmara do Congresso Legislativo de São Paulo (Projeto 24, de 1917). Com grande oposição das autoridades de Campinas, o projeto só foi aprovado sete anos depois, em 1924. Em suas justificativas, os moradores, aproximadamente 11.570, destacaram que o desmembramento do Distrito de Paz de Vila Americana não significava prejuízo para Campinas, um município grande e rico. Em 1924, os moradores da Vila Americana apresentaram nova petição - já existia uma anterior que não prosperou - solicitando ao Congresso Legislativo paulista a elevação do distrito a município. Nessa ocasião, a Câmara de Campinas não mais se opôs ao pedido, mas questionou as divisas propostas pelos moradores do distrito. Diante do impasse, a Comissão Geográfica e Geológica do Estado traçou as divisas do novo município, acompanhando os fenômenos naturais. Criado como Vila Americana, o município passou a ser denominado Americana apenas na década seguinte. Avaí Avaí também se desenvolveu em torno dos trilhos. Em 1905, no prolongamento da Ferrovia Noroeste do Brasil, no trecho entre Bauru e Pirajuí, foi construída a Estação Jacutinga. O proprietário das terras doou uma área para a formação de um povoado junto à estação. Projetada por Thomaz Viteli, a cidade cresceu rapidamente. Em 1910, o povoado foi transformado no Distrito de Paz de Jacutinga, pertencente a Bauru. Após oito anos, um movimento pela emancipação do distrito, juntamente com o distrito vizinho de Presidente Alves, originou petição popular ao Congresso Legislativo, em 1918, da qual resultou o Projeto de Lei 3, de 1918. O documento trazia o abaixo-assinado de agricultores, comerciantes, industriais, profissionais e artistas dos distritos de Jacutinga e Presidente Alves, destacando "o rápido e maravilhoso desenvolvimento demográfico e econômico da chamada zona Noroeste do Estado". A Câmara do Congresso Legislativo de São Paulo solicitou informações e pareceres às câmaras e às autoridades municipais das cidades vizinhas, Bauru e Pirajuí, ao Judiciário, à Comissão de Estatística, ao Serviço Sanitário, à Coletoria Estadual e à Comissão Geográfica e Geológica. Ainda recebeu informações da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil sobre movimento de cargas e passageiros. Emenda com substitutivo ao Projeto 3/1918 estabeleceu novas divisas e alterou o nome da localidade, uma vez que já existia a cidade de Jacutinga em Minas Gerais. O nome escolhido foi Avahy, denominação de um córrego que banhava a localidade e uma alusão à campanha do Exército brasileira contra o Paraguai, na Batalha do Avaí. A Lei 1.672, de 1919, criou o município de Avaí, que contava então com quase 5 mil habitantes.