Opinião: O abraço pela água e pela vida


28/05/2015 18:54 | Enio Tatto*

Compartilhar:


Com o mote Água é um direito humano. Não se vende, se defende, acontece no dia 31 de maio próximo a 10ª edição do já tradicional Abraço à Guarapiranga. O evento será realizado em dois locais, ambos na Zona Sul da Capital: Parque da Barragem (Av. Atlântica, nº 1.100 " Capela do Socorro) e Parque Ecológico Guarapiranga (Estrada do Riviera nº 3.286 " Jardim Ângela).

A programação conta com caminhada, missa campal, exposições, plantio de mudas de árvores, oficinas de educação ambiental, passeio ciclístico, piquenique e shows musicais, culminando com o abraço simbólico à represa Guarapiranga.

Os organizadores do Abraço foram felizes ao escolher o mote da 10ª edição do Abraço à Guarapiranga, que deixa claro que nada justifica que a água continue a ser tratada como mera mercadoria. Ao mesmo tempo convidam a sociedade a assumir sua defesa e buscar uma nova cultura de cuidado com a água.

O mote é correto porque o modelo de gestão imprimido pelo governo do PSDB à Companhia de Saneamento Básico de São Paulo " Sabesp esvaziou seu caráter público, principalmente a partir da abertura do capital acionário da empresa na Bolsa de Nova York, em 2000. Com a abertura do capital, a companhia deixou de ser uma empresa de saúde pública e virou um balcão de negócios. Só se preocupa com o lucro dos acionistas, que estão muito satisfeitos. O sucesso financeiro resulta em fracasso completo em termos de saúde pública.

O tradicional Abraço à Guarapiranga se propõe a ser, na visão de seus organizadores, uma manifestação de respeito e carinho com as fontes de água de São Paulo e também um ato de denúncia e indignação pelo descuido com a preservação de nossos mananciais.

O Abraço ganha relevância porque há mais de um ano o Estado vive uma crise hídrica sem precedentes em sua história. A maioria dos nossos mananciais se encontra em níveis críticos de armazenamento. Grande parte da população tem como rotina a falta de água nas torneiras. Para se protegerem, os cidadãos armazenam água muitas vezes de forma incorreta, o que leva à disseminação da dengue e da chikungunya.

O que faz o governo do Estado frente a esse quadro dramático? Repete a velha fórmula de buscar água cada vez mais longe, o que eleva o seu custo para a população, em vez de oferecer medidas consistentes de redução do consumo e de preservação das áreas verdes que protegem nossos mananciais. É mais do que urgente que o Estado trace diretrizes que garantam água em quantidade e qualidade para toda a população.

Tanto a represa Guarapiranga quanto a Billings continuam recebendo esgoto sem tratamento e sofrendo com ocupações desordenadas, desmatamento e falta de fiscalização. Também a especulação imobiliária e grandes projetos, como rodovias e até mesmo aeroportos, são ameaças a esses mananciais.

Nos meus mandatos tenho atuado para que o manancial da Guarapiranga seja recuperado e tenha uso sustentável. Entre outras iniciativas, propus e foi criada recentemente na Assembleia Legislativa a Frente Parlamentar em Defesa e Recuperação da Represa Guarapiranga. Composta por 21 deputados, a Frente tem por objetivo promover debates, estudos e campanhas visando ao desenvolvimento sustentável e à limpeza de suas águas.

Por tudo isso a cada ano que passa o Abraço à Guarapiranga ganha relevância, principalmente pelo aumento da consciência ambiental de nossa população. O Abraço chama a atenção da sociedade a refletir sobre a importância desse recurso natural e o que temos feito para usá-lo de forma racional. A água é um recurso natural de suma importância para toda a humanidade. Precisamos usá-la de forma sustentável, para que ela nunca falte.

*Enio Tatto é deputado estadual (PT) e 1º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

alesp