Relançada a Frente Parlamentar em defesa das ferrovias

Especialistas falaram sobre o transporte de carga e de passageiros sobre trilhos
25/06/2015 18:13 | Da Redação: Monica Ferrero Fotos: Marco Antonio Cardelino

Compartilhar:

Mauro Bragato e Maria Lúcia Amary <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2015/fg172333.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cyro Laurenza, engenheiro civil e ex-presidente da Fepasa (governo Montoro) <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2015/fg172335.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputados deliberam sobre a pauta da Frente Parlamentar das Ferrovias <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2015/fg172336.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mauro Bragato e Maria Lúcia Amary<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2015/fg172337.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião desta quinta-feira, 25/6, da Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2015/fg172338.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mauro Bragato <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2015/fg172339.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cyro Lourenza, Mauro Bragato e Maria Lúcia Amary<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2015/fg172340.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Foi relançada nesta quinta-feira, 25/6, a Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista. Seu coordenador, deputado Mauro Bragato (PSDB), lamentou que, apesar de sua importância mundial, o modal ferroviário esteja apenas em terceiro lugar em importância no Brasil. Afirmou esperar que o trabalho da frente possa avançar para transformar o Estado de São Paulo em um modelo para o país em termos de ferrovias.

A linha de trabalho da Frente em defesa da malha ferroviária, continuou Bragato, é trabalhar para o resgate das ferrovias paulistas, que estão em situação de penúria. A intenção é envolver o governo estadual na elaboração de um plano estratégico para recuperar esse modal de transporte.

Vice-coordenadora da frente, a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB) preocupou-se com o fato de "o Brasil estar na contramão do resto do mundo, ao deixar de investir em ferrovias, que ainda são limpas ambientalmente". Também estiveram presentes os deputados Davi Zaia (PPS) e Edson Giriboni (PV).

Especialistas sobre transporte sobre trilhos fizeram palestras na reunião. Do Instituto Idestra, o engenheiro civil e ex-presidente da Fepasa (governo Montoro) Cyro Laurenza afirmou que São Paulo precisa desenvolver o transporte sobre trilhos. Ele discorreu sobre o transporte ferroviário de carga e disse que há soluções técnicas possíveis para vencer contrafortes monumentais como a Serra do Mar e levar, a custo competitivo, vagões de contêineres até o porto de Santos.

Cyro Laurenza disse ainda ser possível e desejável retomar também o transporte de passageiros no Estado. Falou sobre o transporte de passageiros por ônibus, e citou, como exemplo, pesquisa de 1997 que mostrou que o maior movimento de pessoas por ônibus, fora da região metropolitana, é o do eixo Campinas-São Paulo, maior que todo o tráfego da América do Sul.

Portanto, seria lucrativa uma linha de trens de alta velocidade ligando essas duas cidades, assim como uma linha que unisse a capital a São José dos Campos e Taubaté. Ele criticou a opção por trens apenas de carga, ficando o transporte de passageiros sobre trilhos apenas na região metropolitana. "Se São Paulo não sair à frente, o Brasil não irá pensar em trens", falou.

Carga

O engenheiro mecânico, ex-diretor da Fepasa e presidente da Associação Latino-americana de Ferrovias Jean Pejo relembrou a crise no sistema ferroviário desde 1991, quando houve a troca dos ativos da Fepasa, que passou a ser da Rede Ferroviária Federal, na negociação da dívida do Banespa. Houve concessão do serviço de trens à iniciativa privada desde então, o que iniciou o desmonte da malha ferroviária.

Hoje, o transporte de carga responde por 5% do transporte, a hidrovia é incipiente, ficando o resto por via rodoviária, que tem alto custo, continuou Jean Pejo. Da antiga rede da Fepasa, de 5 mil km, restam hoje em atividade, no máximo 2 mil km, e as três concessionárias dos serviços são também ineficientes.

Pejo propõe que, seguindo o modelo dos EUA, se estabeleçam redes menores, de 200 a 300 km, que se interligariam no caminho do porto de Santos, por exemplo, para escoar a produção. Ele considera ser este o momento ideal para se discutir o modelo, pois o governo federal sinalizou que ampliará as concessões em troca de mais investimentos.

Transporte metropolitano

"São Paulo é a locomotiva do país, mas cada vez tem menos trilhos", disse o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô (Aeamesp), o engenheiro Emiliano Stanislau Affonso, para quem "a ineficiência da mobilidade urbana gera grandes perdas econômicas". Ele fez análise do transporte metropolitano sobre trilhos, criticando a pouca expansão do Metrô, que em quase 40 anos de existência ainda continua restrito à capital, e tem apenas 78 km.

A Linha 3-Vermelha do Metrô é a mais sobrecarregada do mundo, mas, apesar do esforço dos últimos anos em sua expansão, ele só cresce apenas 2 km por ano. Uma das razões do lento crescimento é a perda de conhecimento técnico com o tempo, que se alia à falta de formação de novos profissionais.

Emiliano Affonso alertou para o fato de que, apesar da construção do rodoanel, os dez grandes eixos rodoviários também estão parando, com congestionamentos diários nas proximidades da macrometrópole, pois são 1,8 milhões de pessoas se deslocando.

Estudos preveem o colapso do sistema de transporte de passageiros em 2025, e as ações para evitar isso já deveriam ter sido tomadas, continuou Afonso. Ele citou estudos da CPTM que mostram a viabilidade de um trem de alta velocidade em cinco ligações: São Paulo-Campinas, São Paulo-Vale do Paraíba, São Paulo-Sorocaba, São Paulo-Santos e Sorocaba-Campinas.

O problema ALL

O promotor do Ministério Público Federal Luiz Roberto Gomes abordou o trabalho realizado em relação à concessionária América Latina Logística (ALL), que obteve a concessão das linhas ferroviárias no na região do Oeste Paulista. Essa empresa já foi alvo da CPI que investigou a situação do transporte ferroviário na Alesp em 2010.

Em 2011, o MPF recebeu denúncia de que a ALL estava trocando trilhos de boa qualidade em linha Presidente Prudente-Álvares Machado por peças sucateadas, que "não serviam nem para mata-burro", segundo o promotor. Esses trilhos originais foram repostos apenas depois de ação do Ministério dos Transportes e de sindicatos e organizações civis. A ALL ainda também abandonou outras linhas, em outros trechos. A empresa foi alvo de Termos de Ajuste de Conduta e de ações judiciais para cumpri-los, e deixou de pagar as multas impostas.

Na opinião do promotor Luiz Roberto Gomes, todo o processo de privatização das linhas férreas paulistas foi equivocado e prejudicial ao sistema. O MPF chegou a sugerir que o contrato fosse considerado caduco, mas a ANTT decidiu apenas multar pesadamente a ALL.

Os problemas com a ALL também foram temas abordados pelo presidente do Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana, José Claudinei Messias. Falaram ainda Rogério Centofanti, do Sindicato de Transporte de Passageiros da Zona Sorocabana (Sinferp); João Cesar Prado, de Adamantina; e o vereador de São Roque Etelvino. Estavam presentes os prefeitos de Euclides da Cunha, São Roque, Presidente Venceslau, Rosana, Cordeirópolis, Teodoro Sampaio e Ourinhos, além de vereadores.

alesp