Com o título Prevenção de Incidentes com Caminhões nas Avenidas e Estradas Brasileiras, aconteceu nesta sexta-feira, 26/6, no auditório Teotônio Vilela, audiência proposta pelo deputado Carlos Giannazi (PSOL). Preocupado com o alto índice de ocorrências com caminhoneiros durante a jornada de trabalho, o parlamentar abriu a palavra para diversos especialistas e para o médico William Reimberg, vice-diretor clínico do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências Paulista (Grau - serviço vinculado ao Corpo de Bombeiros e ao Grupamento Aéreo Águia) e autor do projeto Estrada Livre. "Colaborar para que o Estatuto do Caminhoneiro (Lei federal nº 13103/2015) seja aplicado e regulamentado no Estado de São Paulo é a minha intenção ao realizar esta audiência pública. Sabemos que muitos dos acidentes que ocorrem são decorrência da falta de equilíbrio físico, mental e emocional do condutor e, para evitar este quadro, é necessário implementar programas de formação de caminhoneiros e de apoio", afirmou o parlamentar, que informou que irá estudar a possibilidade de apresentar iniciativas legislativas que se somem ao esforço dos vários especialistas preocupados com o alto índice de acidentes. Prevenção e resgate O médico William apresentou dados que comprovam a necessidade de uma campanha de formação dos caminhoneiros para uma direção defensiva e preventiva, pois no Brasil ocorrem 100 mil acidentes com caminhões por ano, com a morte de 11 caminhoneiros por dia, com prejuízos que chegam a R$ 10 bilhões ao ano. Maria Cecília Damasceno, secretária de gabinete da Secretaria da Saúde, fez um balanço do serviço de resgate e atendimento de urgência prestado nos acidentes que ocorrem no Estado e ressaltou a necessidade da integração dos vários serviços para que o atendimento seja o mais rápido e eficiente possível. Ela ressaltou que a ação do Estado tem sido sistematicamente ampliada com cobertura atual de 100% do território paulista pelo Corpo de Bombeiros e 80% pelo grupamento aéreo. Uso de drogas e roubo de cargas Um raio x das estradas federais que cortam o Estado foi feito pelo inspetor da Polícia Rodoviária Federal José Marcelo Alves Gondim, chefe do Núcleo de Registro de Acidentes e Medicina da PRF de São Paulo e presidente regional de Direitos Humanos. Os analistas apresentaram, entre os diversos dados, os relativos ao uso de drogas pelos motoristas. As substâncias usadas vêm sendo paulatinamente substituídas, anteriormente o uso maior era das anfetaminas e hoje são a cocaína e o crack. O roubo de cargas que teve aumento no comparativo do mês de março de 2014, com 664 ocorrências e março deste ano, com 879 casos, também mereceu as considerações dos debatedores. A formação do condutor e seu estado físico, psíquico e emocional foram aspectos destacados por todos, que afirmaram que a prevenção é fundamental em um quadro que aponta como causa de acidentes em 90% dos casos a falha humana, e deste percentual 80% por imprudência; 6% foram atribuídos as condições das estradas e 4% a falhas mecânicas.