Comissão de Direitos Humanos ouve diretor, professor e alunos da Esalq/USP

Ranking racista, homofóbico e sexista foi afixado no Centro de Vivência da Esalq/USP de Piracicaba
09/09/2015 20:56 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Roberto Navarro

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Beth Sahão, autora do requerimento da audiência pública da Esalq/USP, presidiu a oitiva dos convidados<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg175510.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antonio Ribeiro de Almeida Júnior, Luiz Gustavo Nússio, Clélia Gomes, Beth Sahão, Luiz Fernando, Maryane Andrade e Élice Botelho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg175511.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antonio Ribeiro de Almeida Júnior diz que trotistas representam de 15 a 20% da comunidade universitária<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg175512.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Luiz Fernando, Maryane Andrade e Élice Botelho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg175513.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Luiz Fernando indaga ao diretor da Esalq sobre a celeridade da sindicância no caso do ranking racista, homofóbica e sexista<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg175514.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais, presidida pelo deputado Carlos Bezerra Júnior (PSDB), ouviu nesta quarta-feira, 9/9, os protagonistas do episódio ocorrido em maio deste ano, em que alunas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, tiveram seus nomes expostos em um cartaz, contendo palavras de baixo calão, as supostas características das estudantes listadas pelos apelidos com que foram batizadas no campus e o número de parceiros com quem teriam mantido relações sexuais. Esse caso teve repercussão após a divulgação do fato pelo portal G1.

O primeiro a ser ouvido foi o diretor da Esalq/USP, Luiz Gustavo Nússio. Ele relatou que, após a notificação de um cartaz "com simbolismo desqualificador e deplorável, em 2 de junho deste ano", abriu sindicância. Passados 98 dias, a comissão responsável, formada por professores e servidores, conseguiu a confissão de alguns autores. Entretanto, ainda não se chegou à conclusão sobre quem teria afixado os cartazes.

"O resultado foi célere", afirmou Nússio à deputada Beth Sahão (PT), autora do pedido de audiência " além dela estavam presentes os deputados Luiz Fernando (PT) e Clélia Gomes (PHS) ", explicando que o passo seguinte será a entrega desse material para análise da procuradoria. O encaminhamento do caso no que diz respeito às questões disciplinares e aspectos éticos morais será tratado internamente e os acusados terão direito a ampla defesa.

Mas, reafirmou Nússio, a universidade está interessada em punir. Portanto, fez parceria com o Ministério Público local para que os culpados possam ser enquadrados no artigo 234 do Código Penal " exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: detenção de seis meses a dois anos ou multa. "Queremos caracterizar individualmente porque esses alunos são exceção, e não a regra", garantiu Nússio.

O deputado Luiz Fernando questionou a celeridade da sindicância e indagou por que o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Polícia Civil não haviam sido acionados antes. Nússio respondeu que o MPE havia sido comunicado do fato e que esse órgão reportaria o caso à polícia. E que a Esalq havia respondido às interpelações da Defensoria Pública e feito encaminhamento da sindicância à Comissão dos Direitos Humanos da USP.

Não é a primeira vez

A exposição desse ranking num cartaz ocorre com certa regularidade no período de trote na Esalq, contou o professor Antonio Ribeiro Teixeira, membro da Comissão de Coordenação do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades. Ele realiza pesquisas sobre trote em universidades desde 2011 e destacou que a novidade deste ano foi a "acintosa resposta dos alunos trotistas da Esalq ao trabalho da CPI dos trotes, realizada no final do ano passado sob a presidência do deputado Adriano Diogo (PT). Definiu o cartaz como "racista, homofóbico e sexista, feito de forma ostensiva no momento em que a USP firmava acordo com a Organização das Nações Unidas para integrar a campanha He for She " Movimento pela Igualdade de Gênero".

Teixeira afirmou que os trotistas representam de 15 a 20% do total da comunidade universitária e "são grupos organizados, sem escrúpulos, que contam muitas vezes com o apoio e a direção das universidades". Mas fez questão de elogiar as medidas adotadas por Nússio nesse caso.

As alunas Élice Botelho e Maryane Andrade, cujos nomes foram expostos no cartaz, também se manifestaram. Élice Botelho relatou que muitos professores vieram de repúblicas trotistas e continuam a ter espaço no campus e que a tradição da Esalq é "opressora e segregacionista", mas os profissionais que se formam nessa faculdade vão ter de conviver com negros e grupos de LGBT. Maryane Andrade apelou para que casos como esse não acabem se naturalizando. Ao contrário, pediu para que sejam discutidos de forma séria, talvez até em sala de aula.

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