CPI aponta que transporte ferroviário é "bomba-relógio"


17/09/2015 19:30 | Da Redação

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Deputados e autoridades na audiência pública: apurando problemas no transporte ferroviário de cargas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg175877.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Diligência na linha férrea em Americana, onde aconteceu grave acidente em 2010<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg175882.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira, 17/9, em Americana, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os acidentes no transporte ferroviário de cargas, os participantes apontaram que o sistema ferroviário é uma "bomba-relógio", devido aos grandes riscos de novas tragédias. Os trabalhos foram conduzidos pelo presidente da CPI, deputado Chico Sardelli (PV), com a presença também do relator Ricardo Madalena (PR) e Delegado Olim (PP). A mesa foi composta também pelo promotor de Justiça Sérgio Claro Buonamici, pelo presidente da Câmara Municipal, Pedro Peol, e pelo secretário de Negócios Jurídicos, Alex Niuri, representando o prefeito Omar Najar.

Em 8 de setembro de 2010, houve um grave acidente na cidade, envolvendo um ônibus urbano e um trem, com a morte de dez pessoas e outras 18 feridas. Após a audiência, os deputados e autoridades estiveram na passagem de nível da linha férrea, na rua Carioba, local onde aconteceu o desastre. Eles observaram os problemas de segurança nessa passagem, condições de limpeza e de manutenção na linha férrea.

"Estamos ouvindo os depoimentos e mostrando in loco os problemas aos demais deputados da CPI, verificando que a concessionária está deixando a desejar", comentou Sardelli. Pela passagem de nível, em horários de pico, passam cerca de 120 ônibus por hora.

O presidente informou que todas as denúncias e informações que chegam à CPI estão sendo averiguadas e as concessionárias também serão ouvidas no decorrer dos trabalhos. Na próxima semana, a diligência será realizada na cidade de São José do Rio Preto, onde foi registrado acidente com oito vítimas fatais. E no dia 30, está agendada audiência pública com prefeitos e vereadores na Assembleia Legislativa. "Depois o relator Ricardo Madalena vai apontar tudo que levantamos em seu relatório e encaminharemos ao Ministério Público para as decisões necessárias".

O deputado Ricardo Madalena completou: "É importante esse momento de fazer a CPI itinerante, sair da Assembleia e ouvir a comunidade. Estamos levando daqui muitos subsídios para o nosso relatório". O deputado Delegado Olim também destacou a iniciativa da comissão em fazer as diligências. "A CPI está indo onde os problemas estão acontecendo. Vamos cobrar a responsabilidade de quem é responsável. É muito risco que a população corre por causa da linha férrea e a concessionária faz poucos investimentos. Hoje estamos em Americana, mas os acidentes acontecem em muitas cidades. Essa CPI é importantíssima e vamos mostrar à população o trabalho que estamos realizando".

Segurança

Na audiência pública estiveram representantes da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal, vereadores, secretários municipais, da Defesa Civil, do Conselho de Segurança, do Sindicato dos Ferroviários, defesa do motorista e da empresa VCA. Todos parabenizaram a realização desse trabalho em Americana para discutir tema tão importante, que envolve a segurança da comunidade.

Tanto o secretário Alex Niuri, como o secretário de Planejamento, Cláudio Amarante, e o ex-diretor da Defesa Civil, Fred Alves, falaram que existem obrigações que a empresa Rumo ALL descumpriu, após o acidente de 2010, para reduzir os riscos à população. O promotor Buonamici enfatizou que o "momento é muito importante para, desse acidente, obtermos lições para que outros não voltem a ocorrer".

As autoridades relataram os problemas das cidades cortadas pela linha férrea, como é o caso de Americana, e a falta de proteção ou segurança, sendo um problema que persiste há muitos anos, sem providências das concessionárias. Os depoimentos mais alarmantes foram dos representantes dos Sindicatos dos Ferroviários, que detalharam as más condições de trabalho da categoria, os baixos salários, o treinamento inadequado, a falta de manutenção da linha férrea. "Tudo isso contribui para a ocorrência de acidentes. Os ferroviários correm risco e a comunidade correm risco. O transporte ferroviário de carga é uma bomba-relógio. O modal ferroviário é muito importante, mas precisa ter os mesmos investimentos que o transporte rodoviário", enfatizaram.

alesp