Workshop Funk e a Surdez apresenta videoclipe inédito em Libras

Evento contou com a participação de 40 estudantes da Escola Municipal de Educação Especial Anne Sullivan
24/09/2015 20:46 | Lilian Fernandes - Foto: José Antônio Teixeira

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Karina Zonzini e Fernando Capez<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg176228.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Karina Zonzini e Quito Formiga<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg176229.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mc Jota, Karina Zonzini, Capez e Quito Formiga<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg176230.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mc Jota<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2015/fg176231.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Assembleia Legislativa sediou, na quarta-feira, 23/9, o workshop Funk e a Surdez - Entre a Marginalidade, a Inclusão e a Superação. A iniciativa do presidente da Assembleia, Fernando Capez, reuniu o MC Jota e cerca de 50 portadores de deficiência auditiva " 40 deles estudantes da Escola Municipal de Educação Especial Anne Sullivan, do bairro Chácara Santo Antônio " além de professores da escola e público interessado no tema. Capez abriu o evento, apresentando a Assembleia aos jovens e colocando-se a disposição. "Tudo relativo à surdez tem todo o nosso apoio, pois as políticas públicas são de extrema importância", destacou o presidente.

O encontro também foi organizado pelo vereador Quito Formiga, que possui projetos de lei na Câmara Municipal voltados para melhorar a vida dos deficientes, como o de acesso de pessoas com deficiência aos cargos e empregos públicos da prefeitura e São Paulo; a obrigatoriedade da presença de interpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) na recepção da Câmara Municipal e em eventos públicos oficiais do município. "A população paulistana tem 5% de portadores de deficiência auditiva e a cidade hoje não tem nenhuma adaptação que possa facilitar a vida deles", declarou Quito.

Conduzido por Karina Zonzini, pedagoga, pós graduada em educação especial inclusiva e políticas da educação e assessora parlamentar do vereador, para acessibilidade para surdos e surdos cegos, o workshop fez um paralelo entre a discriminação sofrida diariamente pelos portadores de deficiência auditiva e o preconceito que os produtores de funk enfrentam. "São duas formas diferentes de discriminação dentro da mesma sociedade, contou Karina.

O surdo sente a vibração da música no modo grave, explica Zonzini. "Queremos mostrar que é possível fazer um funk que não tenha apologia ao sexo, à droga, que é possível fazer uma música bacana sem falar disso tudo", complementa.

MC Jota, que faz um trabalho social com 72 jovens MCs da nova geração e realiza palestras em escolas, sobre prevenção contra o uso de drogas, na zona sul da cidade, onde mora, foi convidado para participar do trabalho e conheceu a realidade de dois adultos, portadores de deficiência auditiva, o professor Matheus Machado e o marroquino Rachid All Anaz, que mora no Brasil há um ano. "Conhecendo a realidade dos surdos, tudo que é difícil pra mim, eu aprendi que é pouco", constatou Jota. Após ouvir os relatos das dificuldades vividas por eles, o MC escreveu a letra e compôs a música do funk "Diário de um surdo". O vídeo clip da música, em Libras, foi exibido no workshop, tornando-se o primeiro do Brasil voltado para o público de portadores de necessidades auditivas. "Eu não tinha noção do tamanho da comunidade e das necessidades, vou sugerir que todos o videoclipes sejam feitos com Libras no Brasil, declara o MC.





Diário de um surdo



Desde criança acostumado com muita dificuldade

Pois dentro da minha casa era um estranho na verdade



Era difícil entender, difícil de conviver com pessoas

Que te amam mas não entendem você



Via sempre o meu irmão assistindo tv e rindo

Mas eu não entendia , direito, qual o motivo



Na escola a mesma coisa, só ouvinte e eu perdido

Achavam que eu era burro e alopravam de mudinho



Mas eu não era fraco , pra cima não desistia

Enquanto matavam um leão eu matava 12 por dia



Na sala era embaçado, professor, despreparado

Me empuravam pra outra série sem saber se estava preparado



Essa é minha vida, só quero o meu direito

Vem com nóóóóóós e abaixo o preconceito .



Somos surdos e não burros

E temos nossos direitos

Vem com nóóóóóós e abaixo o preconceito.



Aprendi libras e sinais para entrar no sistema

Mas cadê profissionais para entender os meus problemas



Bem informado , estudado, formado e dedicado

Mas as melhores empresas nunca me deram trabalho



Me esforcei, estudei de quê valeu isso tudo

Por não arrumar emprego era o mudinho vagabundo



Era só exploração, preconceito sem noção

Pro surdo aqui no Brasil só linha de produção



Não queremos caridade queremos dignidade

E os direitos iguais perante a sociedade



Letra : MC JOTA



Link do videoclipe na internet: http://1drv.ms/1OwFm5i

alesp