Difusão de conhecimento em gestão de políticas públicas tem aula inaugural


05/11/2015 18:20 | Da Redação: Joel Melo Fotos: José A. Teixeira

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Douglas Izzo, presidente da CUT" SP<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2015/fg177917.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Auditório Franco Montoro da Assembleia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2015/fg177959.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Aula sobre difusão de conhecimento em gestão de políticas públicas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2015/fg177960.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Realizou-se nesta quarta-feira, 4/11, a abertura do curso Difusão de Conhecimento em Gestão de Políticas Públicas. Fruto de um convênio entre a Central Única dos Trabalhadores e a Fundação Perseu Abramo, o curso será ministrado na modalidade EAD e reuniu, em sua aula inaugural, alunos no Auditório Franco Montoro, por iniciativa do deputado Barba (PT), que viabilizou o espaço e compôs a mesa coordenadora do evento.

O curso tem o objetivo de fortalecer a estratégia de formação dos sindicalistas e integrantes dos movimentos sociais, capacitando-os para o debate sobre políticas públicas, além de oferecer a eles um espaço para troca de experiências sobre o tema.

Abrindo a aula, o presidente da CUT"SP, Douglas Izzo, saudou os presentes e realçou a importância do convênio entre a central sindical que preside e a Fundação Perseu Abramo que, segundo Izzo, vai oferecer uma possibilidade de formação, articulação e troca de experiências entre os participantes do curso. Izzo apontou o curso como a medida mais importante para a formação dos quadros da CUT, qualificando-os para "enfrentar as discussões sobre políticas públicas no Estado de São Paulo, onde está localizado um núcleo duro de conservadorismo, inclusive no campo sindical".

Douglas Izzo quer a formação também para os dirigentes a fim de prepará-los, juntamente com os militantes, para a discussão de um projeto popular para o Estado, "o que significa ter quadros que tenham clareza dos problemas para elaborar e discutir propostas".

Fundação Perseu Abramo

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann, falou sobre os diferentes cursos que a fundação oferece, de como ela se mantém " com 20% dos recursos vindos do fundo público que o Partido dos Trabalhadores recebe. Pochmann fez questão de esclarecer que o fundo público é constituído pelo sistema tributário, com impostos, taxas e contribuições que o Estado brasileiro recebe, um sistema tributário que Pochmann classificou como extremamente regressivo, isto é, "quem paga impostos neste país são os pobres, que recebem até dois salários mínimos mensais e transferem quase um salário mínimo de sua renda para pagamento de impostos. Quem recebe mais de 30 salários mínimos, não transfere nem 20% do que ganha". Pochamann disse que "o Estado brasileiro é um leão para cobrar impostos dos pobres, mas é uma verdadeira mãe para os ricos brasileiros" e lamentou que no Brasil não seja crime a sonegação de impostos, lembrando que em outros países a sonegação constitui um crime grave, tanto que levou Al Capone à cadeia nos EUA. Pochmann ainda incentivou os alunos a aproveitarem bem o curso porque "as pessoas que estão financiando-o, os pobres, os trabalhadores domésticos, os que estão na base da pirâmide social, jamais terão condições de fazer um curso como este".

Pochmann falou ainda da queda da participação da indústria no PIB paulista e de como a importância do Estado de São Paulo, que já foi a locomotiva do Brasil, o símbolo do progresso, vem caindo desde 1980. "Graças a desindustrialização, São Paulo perdeu a capacidade de liderar o país, tanto que nas eleições passadas, para presidente da República, não tivemos um candidato de São Paulo". O economista disse também que "as forças dinâmicas do Estado de São Paulo estão assentadas no agronegócio e no mercado financeiro, segmentos que não conversam com o povo paulista e muito menos com a sociedade brasileira, porque suas ligações são com o mundo exterior".

Sistema eleitoral

Pochmann finalizou dizendo que os Estados que cresceram mais nos últimos anos não criaram uma liderança política e perguntou "quem lidera este país?". A crítica que atinge o governo federal é que ninguém sabe quem lidera seu governo, qual é o seu rumo. Acontece que o sistema político eleitoral brasileiro "é um sistema viciado, dominado pelo poder econômico, um sistema em que as pessoas votam para o Executivo e para o Legislativo de maneira completamente diferente " um país que tem 86% da população residindo nas cidades elegeu uma bancada de mais de 270 deputados federais vinculados ao agronegócio, uma coisa estranhíssima, porque a agenda brasileira é uma agenda urbana e os nossos representantes, em maior quantidade, são representantes do mundo rural". Para poder governar, tanto no plano federal, como no estadual e municipal, quem ganha traz, para fazer parte do governo em geral, seus opositores, na expectativa de ter maioria no Legislativo. "Isso desconstrói a possibilidade de haver programas de partidos". E continuou, dizendo que "estamos vivendo um ano de recessão, um ano contra os trabalhadores, em que vamos ter aumento de desemprego e queda de salários. No sistema democrático, o que vale são os votos. Essa é uma questão fundamental não só para este, mas também para os próximos anos: como evitar um sistema que cada vez mais impossibilita a representação da base da sociedade. Segundo levantamento feito na própria Câmara dos Deputados, em 2010, os candidatos eleitos gastaram em média uma quantia equivalente a R$ 4 milhões, valor que eles não conseguem ganhar com salários durante todo o mandato. "Verdadeiros patriotas", exclamou ironicamente. Quem não se elegeu, gastou R$ 100 mil. "A tarefa de mudar esse sistema é nossa, e só conseguiremos mudar se tivermos clareza do que queremos".

alesp