Fernando Haddad é convidado do programa Discussão Nacional da TV Assembleia SP

Educação é tema central, mas prefeito fala também sobre corrupção
24/11/2015 22:19 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Bruna Sampaio

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Fernando Haddad é entrevistado por Fernando Capez <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2015/fg180682.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Fernando Haddad<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2015/fg180683.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Programa Discussão Nacional <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2015/fg180684.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Fernando Haddad é entrevistado por Fernando Capez<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-11-2015/fg180685.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, convidado do Discussão Nacional da TV Assembleia SP desta terça-feira, 24/11, falou principalmente sobre os problemas relativos à Educação, mas, ao final do programa, respondeu ao presidente da Assembleia Fernando Capez sobre o envolvimento de políticos do PT na operação Lava Jato: "são dois crimes", resumiu Haddad, ao explicar que o primeiro é "colocar a mão em recurso público", e o segundo, "matar um projeto político". Disse não saber qual desses dois crimes é mais grave, observando que não há o que dizer a mais de 1,5 milhão de filiados do PT. "Vamos passar por um período de depuração, não há como".

Ainda sobre corrupção, Capez observou que após 30 anos do período de democracia, as denúncias de corrupção se avolumam, tanto que já surgem movimentos pró-regime militar. Haddad assinalou que imaginar que no período da ditadura não havia corrupção "é uma ingenuidade". Defendeu a democracia como o único regime capaz de superar desmandos e que sejam tomadas medidas para sanear tribunais e parlamentos para que se tornem instituições cada vez mais autônomas e fortalecidas.

Capez abordou outra questão polêmica: a da inclusão de questões de gênero em cartilhas para crianças. Justificou a pergunta com a colocação de que se seria coerente colocar esse tipo de tema para crianças em fase de amadurecimento. "Isso não altera o processo de formação?", indagou.

Haddad disse desconhecer que questões de gênero tivessem sido inclusas em material escolar entregue para o ensino fundamental. Entretanto, comentou, que "não se deve responder à criança aquilo que ela não perguntou, pois a criança já é curiosa por natureza". Opinou que o material didático deve estar estritamente de acordo com o estágio de conhecimento cognitivo e emocional da criança.

A otimização da Educação nas três esferas

Ministro da Educação do governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva durante sete anos, Haddad pôde abordar com profundidade esse tema, ponto central da entrevista feita pelo presidente Capez durante o programa. Esclareceu que a educação divide-se nas três esferas de governo, sendo o federal responde por 63 universidades e 38 institutos, enquanto o Estado assume o ensino médio, e os municípios o fundamental.

O Brasil, informou, foi um dos últimos países a criar uma universidade. Entretanto, "temos o melhor sistema universitário da América Latina; a produção acadêmica brasileira de toda a América do Sul não é tão importante quanto a nossa". Ao se referir especificamente ao ensino fundamental, disse que houve uma piora quando o investimento por aluno caiu até o final dos anos 1990. "Mas esse nível foi o que mais reagiu em termos de qualidade, impulsionado pela educação infantil " pré-escolar e creche. Temos 30 mil vagas, mas necessitaríamos de 80 mil nesse nível", adiantou.

O gargalo, segundo Haddad encontra-se no ensino médio, de responsabilidade dos governos estaduais. Relembrando sua gestão no Ministério da Educação, contou que a comunicação com os municípios é rápida, mas que os governos estaduais preferem falar com o presidente em vez de com um ministro. Disse que a União colabora mais com os Estados pobres do que com os ricos e, portanto, há necessidade de melhorar os recursos. "Se compararmos com duas décadas atrás, o ensino fundamental melhorou em São Paulo, reconheceu Haddad, lembrando, porém, que o Estado investe mais no ensino superior. "Nenhum Estado investe tanto no ensino superior quanto São Paulo; talvez essa parceria devesse ser passada para a União".

Capez observou que 30% do Orçamento do Estado de São Paulo é destinado à pasta da Educação que, no total, está quase no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. E indagou se não seria o caso de a União se somar aos Estados e municípios para otimizar o ensino médio e entregar às universidades um aluno mais bem preparado.

Haddad contou a experiência enfrentada por ele durante a tentativa de federalizar escolas municipais do ensino médio. "Recuamos, porque é delicado mexer com a comunidade educacional. Tivemos de dar mais tempo para avaliar e repensar", afirmou, ao mesmo tempo dando uma sugestão sobre o plano da Secretaria estadual de Educação de separar alunos do ensino médio e fundamental em algumas escolas. "Quando você lida com mais de 90 escolas, tem de levar em conta os ex-alunos, os atuais, os professores...", resumiu.

alesp