Em audiência realizada nesta sexta-feira, 26/2, pelo deputado Carlos Giannazi (PSOL), indígenas se manifestaram sobre a reintegração de posse, determinada pelo governo estadual, do Parque Xixová-Japuí, em São Vicente, ocupado pela aldeia Paranapuã desde 2004 e composta por 70 índios. Cacique Alcides, responsável pela aldeia, afirmou que há 12 anos os índios vivem sem qualquer apoio do poder público, e que essa reintegração viola o maior direito do índio, morar em um lugar que é seu por direito. Sônia Barbosa - Aramirin, representante da aldeia do Jaraguá lembrou que São Vicente foi a primeira cidade colonizada pelos portugueses no Brasil e que muitos índios foram assassinados nesse período. "Nos dias atuais quando o índio se depara com estátuas em homenagem aos bandeirantes, ele se entristece e lembra que a luta não acabou", destacando que há novos bandeirantes contra os índios. Giannazi declarou que o propósito da audiência foi dar visibilidade para a causa indígena. Comprometeu-se a fortalecer a luta acionando a Comissão de Direitos Humanos, além de agendar reunião com a Defensoria Pública de São Vicente e com o Ministério Público estadual. "Também pretendo repercutir a situação dos índios de São Vicente na tribuna da Assembleia cobrando os deputados que representam a Baixada Santista", concluiu parabenizando os índios pela mobilização. Os índios protestaram ainda quanto à situação de saúde e educação precária nas aldeias. Paranapuã recebe visita médica uma vez por semana e os hospitais ficam distante. A escola funciona num antigo prédio da Fundação Casa, com salas que remetem a um cenário de prisão. Falta material básico, como mesas e cadeiras. Estiveram presentes na audiência representantes de outras aldeias daqui e de outros estados, como Bahia e Minas Gerais, todos solidários a aldeia de São Vicente. Compuseram a mesa o deputado, os caciques Alcides Mariano e Sílvio, Sônia Barbosa, Olivio Jekupé, Joana Freitas e Dida Karaí.