A representatividade política feminina no Brasil foi o tema da segunda edição do Fórum Libra (Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil) em conjunto com o Instituto do Legislativo Paulista, realizado nesta sexta-feira, 8/4, na Assembleia Legislativa. A deputada Clélia Gomes, líder da bancada do PHS e procuradora especial da Mulher na Assembleia Legislativa, apresentou um depoimento sobre sobre sua trajetória, da vida em família à política. Clélia falou das dificuldades enfrentadas pela mãe, sobre seu casamento ainda muito jovem e o fim desse relacionamento 21 anos depois, concomitante com a demissão da multinacional onde trabalhou por muito tempo. Prestes a completar 15 anos de existência, o Instituto do Legislativo Paulista prepara mais uma série de atividades ligadas ao direito eleitoral e à participação das mulheres na política para os próximos meses, adiantou Patricia Rosset. "O ILP é a porta da Assembleia para a sociedade", ela avaliou. Patrícia lembrou ainda que entre as atribuições do ILP consiste a de demandar a elaboração e divulgação do Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), instrumento que pode subsidiar os trabalhos da Libra. "Invadam o Poder Legislativo, elegendo representantes, acompanhando as comissões, procurando deputados para ver o andamento de projetos relacionados à mulher, procurando o ILP", conclamou Patrícia. Presença masculina Único homem compondo a mesa do encontro, o deputado federal Roberto de Lucena (PV/SP) asseverou que "a mulher edifica a sociedade, e as brasileiras estão sendo convocadas para construir um Brasil melhor". Marta Lívia Suplicy, presidente nacional da Libra, afirmou que o tema principal do encontro era discutir a trajetória de mulheres eleitas e como elas traçaram seu caminho "nesse universo tão difícil, que é a política". Um dos indicativos dessa dificuldade, apontado por Marta, é o fato de que o Brasil ocupa o último lugar entre os países da América Latina no que se refere à representação feminina no Parlamento. A presidente da Libra exemplificou a importância do trabalho da entidade com a experiência de discussão da Constituição Federal com um grupo de mulheres de Vila dos Remédios, na periferia de São Paulo. "É o cidadão se redescobrindo através do conhecimento. E a melhor qualidade do eleitor vai repercutir na representatividade", ela avaliou. Dificuldades na campanha, oposição de familiares, rejeição no universo masculino e rural são elementos do cenário comumente enfrentado por mulheres que se lançam à política. Eles foram apontados em depoimentos das vereadoras Andréa Capriotti (Osasco) e Sonia Esteves (Carapicuíba) e das prefeitas Daniela Brito (Monteiro Lobato) e Célia Ferraciolli dos Santos (São José da Bela Vista). A senadora Ana Amélia Lemos (PP/RS) concordou que é difícil o caminho da mulher na política, uma experiência que ela vivenciou já como jornalista, iniciando a carreira num setor predominantemente masculino. "Mas precisamos compreender que, no século 21, a questão de gênero deve ser encarada com naturalidade", afirmou.