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Médico geriatra anuncia testes com nova droga para tratamento da depressão

Norton Sayeg diz que se trata de "estudo revolucionário, comparável à descoberta da penicilina"
08/04/2016 18:05 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Vera Massaro

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 Norton Sayeg <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188010.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público presente <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188012.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Presentes na palestra <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188014.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> ......<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188015.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em palestra proferida nesta quinta-feira, 7/4, o médico geriatra Norton Sayeg anunciou que estavam abertas, em São Paulo, vagas para oito candidatos que quisessem se submeter a um estudo "revolucionário" com uma nova droga para tratamento da depressão. Os oito candidatos se somariam a outros 10 mil do mundo todo que passariam a receber doses de uma nova droga, descoberta há 12 anos e cuja molécula já havia passado por todos os testes de segurança. A novidade dessa droga - Sayeg omitiu o nome do medicamento e do laboratório por questões éticas - seria o seu efeito: 40 minutos, após a inalação, pelas vias nasais, de uma ou duas doses.

"É pena que haja apenas oito vagas para o Estado de São Paulo", lamentou Sayeg, ao explicar que medicamentos já conhecidos, utilizados no tratamento da depressão, demoram de 40 a 60 dias para surtir efeito. Após ressaltar que esse tratamento seria totalmente gratuito e levaria de seis meses a dois ou quatro anos, Sayeg expôs os critérios para a seleção dos candidatos: estar deprimido, já ter tomado dois antidepressivos, e, neste último, no período de um ano e meio, ter passado por um período que marcou sua depressão. Destacou ainda que o paciente, durante este tratamento, não deixaria de tomar os medicamentos os quais vinha utilizando.

Ao fazer o anúncio, imediatamente pessoas da plateia, formada por estudantes, profissionais médicos e portadores de depressão, mostraram interesse em se candidatar ou indicar pessoas conhecidas para participar do estudo.

Mitos da depressão

"A depressão é alarmante", enfatizou Norton Sayeg, referindo-se aos aspectos médicos, laboratoriais, familiares e sociais dessa doença. Segundo ele, estima-se que 300 milhões de pessoas estejam atualmente afetadas pela depressão. No Brasil, as estatísticas apontam 15 milhões de indivíduos. O médico condenou "mitos" do imaginário popular, como o que apregoa que a pessoa sem personalidade ou brios é que fica deprimida; ou que o depressivo tem sua imunidade rebaixada e, portanto, fica mais sujeito ao aparecimento de doenças como o câncer; ou a confusão que se faz entre estar triste e deprimido. Disse que é natural ficar triste pela perda de um ente querido - pessoas ou animais de estimação -, mas se essa tristeza se prolonga, chegando a afetar a atividade do indivíduo no lar, na sociedade e no trabalho, há que se procurar o diagnóstico de um médico especialista ou um neuropsicólogo. Sobre esta especialidade médica, qualificou-a como "ciência do futuro" e enfatizou a necessidade de médicos, pacientes e neuropsicólogos atuarem em parceria. "O médico tem suas limitações e só o comprimido não faz milagres", justificou.

Ao abordar como pessoas com depressão agem - não quer sair, come demais ou perde o apetite, fica ocioso ou extremamente agitado, adquire manias -, apresentando comportamentos que fogem da sua realidade, Sayeg afirmou que "um caso bem tratado e bem assessorado por médicos e neuropsicólogos tem 90% de chance de cura".

A depressão entre os idosos

O geriatra qualificou como mascarada o tipo de depressão que atinge os idosos. Os primeiros sintomas seriam a perda de memória - que necessariamente não está relacionada à velhice -, a insônia e a negação da doença.

Segundo o médico, existem "gatilhos" que disparam a depressão, que não está necessariamente relacionada à hereditariedade " o componente familiar situa-se entre 15 a 17% dos casos. Exemplificou com a perda da renda e impossibilidade de sustentar a família ou a idade avançada com consequente queda da força muscular e a perda de amigos. Também criticou a falta de políticas públicas para os idosos. "Temos medicina de primeiro mundo, mas em termos de equidade, estamos longe de países mais avançados", afirmou.

Sobre medicamentos, Sayeg condenou o uso daqueles rotulados como "tarja preta", ou seja, os de maior controle por apresentar reações adversas, ações sedativas ou com impacto no sistema nervoso central (grupo dos psicotrópicos). "Normalmente estes são hipnóticos e causam perda da memória". Relatou casos de médicos que prescrevem remédios para idosos insones, agravando o quadro de depressão desse paciente.

Ao responder às perguntas da plateia, Norton Sayeg fez alguns esclarecimentos sobre a ansiedade, muitas vezes confundida com a depressão. Disse que a menopausa causa distúrbios hormonais no organismo da mulher, levando-a ficar irritadiça e ansiosa, mas não depressiva.

Norton Sayeg é médico geriatra há 42 anos. Foi o fundador da Associação Brasileira de Alzheimer e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria. Atualmente, dedica-se à pesquisa clínica. A palestra sobre depressão é a primeira de um ciclo de debates que a Assembleia promove por iniciativa do presidente Fernando Capez.

alesp