Frente Parlamentar de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus inicia trabalhos na Assembleia

Institutos de pesquisa e órgãos públicos serão parceiros
14/04/2016 19:37 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Maurício Garcia de Souza

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Dalton Pereira, Marcelo de Franco, Doriane Patrícia, Carlos Campelo, Angelo Perugini, Rodrigo Stabeli, José Roberto e Álvaro Crósta <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188244.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Doriane Patricia Ferraz <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188246.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlos Campelo Melo, Angelo Perugini e Rodrigo Stabeli<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188247.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Presentes na reunião da frente <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188217.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Carlos Campelo Melo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188218.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Roberto Rodrigues<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188259.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlos Campelo Melo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2016/fg188260.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Para dar mostras de tudo que foi feito e ainda está para ser feito no combate à Dengue, Chikungunya e Zika vírus em todo o país, reuniram-se nesta quinta-feira, 14/4, as principais instituições de pesquisa e órgãos públicos que já trabalham no combate ao Aedes aegypti, vetor dessas arboviroses (vírus transmitidos por mosquitos). O motivo foi o lançamento da Frente Parlamentar de Enfrentamento a essas epidemias, em que o Brasil figura como o primeiro da lista em quantidade de casos em todo o mundo.

O primeiro a dar o alerta foi o coordenador dessa frente, deputado Ângelo Perugini (PDT). Ao discursar para o auditório lotado, afirmou que "na última hora, 46 pessoas foram contaminadas pelo Aedes aegypti e este número chegará, até o final da tarde, a 1108 indivíduos infectados".

Perugini lembrou que esses números tinham sido fornecidos pelo Ministério da Saúde, cujos registros indicavam 66.525 casos de dengue nos dois primeiros meses deste ano. Referindo-se às instituições que atuarão como membros colaboradores " Opas/OMS, Unicamp, Fiocruz, Anvisa, Instituto Butantan, Sucen e Defesa Civil -, o deputado informou que a participação dos 45 parlamentares de 16 partidos que endossaram a instalação desta Frente será o de lutar por políticas públicas para eliminar criadouros, informar a sociedade sobre novas tecnologias e buscar recursos para os institutos de ensino e pesquisa.

Emergência nacional contra o Zika vírus

Os convidados para a instalação desta Frente Parlamentar focaram principalmente as ações que têm sido desenvolvidas no combate ao Zika vírus. Carlos Campelo de Melo, consultor nacional em dengue e análise de situação de saúde da Organização Pan-Americana de Saúde da ONU, relatou todos os passos adotados pela Opas desde o primeiro informe de Zika vírus, no Estado da Paraíba, no final de 2014. Sabia-se que não era dengue. No começo de 2015, outros Estados do nordeste brasileiro apresentavam 20 casos dessa mesma doença, em julho desse ano.

"Havia 48 casos de Guillain-Barré, doença já conhecida como consequência do Zika vírus", contou Carlos Melo, acrescentando que, em agosto de 2015, surgiram os primeiros casos de microcefalia (138) em Pernambuco. Em novembro, a Opas decretou emergência nacional para "obter respostas imediatas, porque o vírus se espalha rápido e traz consequências extremamente danosas". De fato, em janeiro de 2016, 34 países das Américas do Sul e Central já estavam convivendo com o Zika Vírus.

Domicílios vistoriados

O cel. PM José Roberto Rodrigues de Oliveira, coordenador estadual da Defesa Civil informou que desde a decretação de situação emergencial pela Opas, fato que não ocorria há cem anos, passou-se à mobilização de combate ao Aedes aegypti. Desde 22 de dezembro do ano passado, 17 milhões de domicílios foram vistoriados. Entretanto, alertou o coronel, 25% desse total são de residências fechadas. "Daí a importância dessa Frente Parlamentar", destacou, enfatizando que há necessidade de leis que encontrem brechas no caso de recusa para o monitoramento de criadouros.

Oliveira disse que 80% dos criadouros encontram-se dentro dos domicílios, onde 95% das ações são mecânicas, ou seja, depende do cidadão. Por esta razão, relatou, a Defesa Civil tem realizado mutirões com o engajamento de igrejas e escolas.

Novidades no combate ao Zika

Rodrigo Stambeli, vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), confirmou que "através do coletivo conseguimos vencer as doenças causadas por vetores, pois estão associadas à pobreza, à falta de saneamento básico". Após contabilizar sete mil casos de microcefalia, sendo 280 no Estado de São Paulo, Stambeli explicou o trabalho desenvolvido pela Fiocruz, cuja missão é reduzir a menos de 1% nas cidades brasileiras a contaminação pelo Aedes aegypti. Essa redução drástica teria de ocorrer até o final do ano, anunciou.

Ele se referiu primeiro às pesquisas realizadas pela Fiocruz, as quais mostraram que o Zika vírus podia ser encontrado no líquido amniótico, ultrapassava a barreira placentária e conseguia migrar para o sistema nervoso, causando a microcefalia. "É importante conhecer a biologia do vírus, para saber sobre os danos por ele causados; estes ocorrem não só nos primeiros meses de gravidez e podem causar também problemas auditivos; mostramos também a presença do vírus na urina e na saliva", relatou.

Stambeli lembrou ainda que a Fiocruz foi a responsável pelo multiteste molecular que realiza o diagnóstico simultâneo de Dengue, Zika e Chikungunya. Este multiteste ainda está em processo de validação, assim como outro projeto desenvolvido pela Fiocruz: o de colocar uma bactéria no mosquito Aedes aegypti. Essa bactéria passaria de geração em geração e assim haveria o controle vetorial.

As vacinas do Butantan

Na frente de batalha junto com a Opas, o Instituto Butantan tem como prioridade a vacina contra a dengue. "Dois terços da população mundial corre o risco de contrair dengue", informou Marcelo de Franco, diretor substituto do Instituto Butantan. Segundo ele, no Brasil, há 1,5 milhão de casos notificados. Mas, garantiu, a perspectiva é que os primeiros resultados dessa vacina, aplicada em 17 mil voluntários no ano passado, estejam prontos em julho do ano que vem.

A ideia é produzir o vírus e o soro antizika (para os que já estão com a doença), enfatizou Franco. Para tanto, há etapas a serem cumpridas e que estão sendo feitas pelo Instituto Butantan: isolamento do vírus, purificação, expansão, testes em roedores e macacos, antes de serem aplicados em humanos. "Para a Chikungunya, temos parceria com o Instituto Pasteur para testar uma nova vacina", acentuou.

Após reiterar que o Zika é um vírus pouco estudado, Álvaro Penteado Crósta, coordenador geral da Universidade Estadual de Campinas, explicou que a Unicamp organizou, como uma das ações no combate ao Aedes aegypti, uma biblioteca virtual contendo todas as informações e pesquisa sobre este assunto. "Esta biblioteca é acessada por 60 mil pessoas por dia", assinalou.

Penteado Crósta parabenizou o deputado Perugini pela instalação da Frente Parlamentar de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika vírus, lembrando que "esta iniciativa vem alavancar a busca de recursos para os laboratórios de pesquisa".

Falaram ainda, como convidados, Doriane Patrícia Ferraz de Souza, representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Dalton Pereira, superintendente de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (Sucen). Doriane de Souza explicou que o papel da Anvisa, no enfrentamento ao Aedes aegypti é validar o registro de repelentes ou tecidos impregnados com produtos que afastam o mosquito. Pereira apresentou dados sobre casos confirmados das arboviroses no Estado de São Paulo.

alesp