Uma hora antes de expirar o prazo de 24 horas determinado pelo juiz Sérgio Serrano Nunes Filho, da 1ª Vara da Fazenda Pública, para a reintegração de posse do plenário Juscelino Kubitschek da Assembleia Legislativa, os estudantes secundaristas que ocupavam o local desde terça-feira, 3/5, deixaram o plenário pacificamente. Eles haviam sido notificados da decisão judicial às 16h45 de quinta-feira, 5/5, por uma oficial de justiça, que os informou da imputação de multa individual no valor de R$ 30 mil em caso de descumprimento do mandado. Negociação Após a desocupação, o presidente Fernando Capez concedeu uma entrevista coletiva esclarecendo como foi a negociação com os estudantes, que solicitaram o direito a uma coletiva de imprensa e a uma audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir a questão da merenda, cuja data ainda não foi marcada. O presidente também relatou que, durante toda a permanência dos estudantes na Assembleia, foi permitido o ingresso de comida e água, bem como o acesso a sanitários. Para isso, houve contato constante com a administração da Casa. Sobre a instalação de CPI com objetivo de "identificar o que aconteceu, qual a verba que está faltando, e por que não está ocorrendo a distribuição correta da merenda", Capez afirmou que já vinham sendo negociadas as assinaturas antes mesmo de a ocupação acontecer. Ele garantiu que, havendo as 32 assinaturas determinadas pelo Regimento Interno (faltam 6), levará a proposta a Plenário para deliberação. Também em coletiva de imprensa, o líder do PT, José Zico Prado, afirmou que "a invasão do plenário pelos estudantes foi uma aula de democracia para todos". Ele acrescentou que as bancadas da oposição irão fazer tudo ao seu alcance para a CPI da Merenda ser instalada. Demanda ouvida Antes de deixarem o plenário JK, os estudantes encenaram um jogral, que foi assistido por dezenas de jornalistas e os deputados José Zico Prado, Ana do Carmo, Luiz Fernando, Marcos Martins, Luiz Turco, Carlos Neder e Enio Tatto, todos do PT, além de Leci Brandão, do PCdoB e Carlos Giannazi (PSOL). No jogral, os estudantes referiram-se à legitimidade do movimento, ao apoio de pais, professores, trabalhadores, funcionários da Assembleia, artistas, intelectuais e autoridades de diversos setores, deixando claro que, apesar da não violência, "o governo decidiu pela truculência econômica", em referência à multa estipulada de R$ 30 mil por estudante. Os jovens enfatizaram que não houve recuo ou desistência e que a paralisação dos trabalhos da Assembleia serviu para que todos os deputados os ouvissem. Eles anteciparam que retornarão nas próximas semanas, "pois a luta pela abertura da CPI continua".