Opinião: Violência inadmissível, inaceitável e insuportável


30/05/2016 16:02 | Welson Gasparini*

Compartilhar:


Faço minhas as palavras da vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, em sua nota de repúdio ao caso de estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro: ."O gravíssimo delito praticado contra essa menor - mulher e, nessa condição, sujeita a todos os tipos de violência em nossa sociedade - repugna qualquer ideia de civilização ou mesmo de humanidade. É inadmissível, inaceitável e insuportável ter de conviver sequer com a ideia de violência contra a mulher em nível tão assustadoramente hediondo e degradante", escreveu.

O texto foi divulgado no dia 27/5 e, nele, ela afirma que, em crimes como este, todas as mulheres são vítimas. "Não pergunto o nome da vítima: é cada uma e todas nós mulheres e até mesmo os homens civilizados, que se põem contra a barbárie deste crime, escancarado feito cancro de perversidade e horror a todo o mundo".

Concordo totalmente com essa ilustre magistrada: o crime contra essa jovem " tão profusamente difundido nas redes sociais - atinge a todas as mulheres, sendo necessário as autoridades trabalharem para outros casos como este não se repetirem. Não é, assim, apenas a vítima violentada: é cada ser humano capaz de ver o outro e no outro a sua própria identidade. A vítima é cada uma das mulheres submetida à atrocidade de quem a violenta seja no interior de uma residência, num recinto festivo ou num descampado.

Nessa nota a ministra se põe no lugar da vítima da violência no Rio e cobra uma resposta das autoridades. "Nosso corpo como flagelo, nossa alma como lixo. É o que pensam e praticam os criminosos que haverão de ser devida e rapidamente responsabilizados", diz ela. .

O estupro, infelizmente, é um crime comum no Brasil; ocorre todos os dias e em quase todos os lugares deste nosso imenso país " inclusive na nossa Ribeirão Preto conforme levantamento divulgado no último dia 25/5 pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP): foram oito ocorrências, no mês de abril, contra cinco computadas no mesmo mês um ano antes.

Já na região de Ribeirão Preto os casos de estupro caíram de 75, em abril do ano passado, para 70 este ano. Aliás, mesmo esses dados oficiais são precários, pois muitas das vítimas preferem conviver com a violência envergonhadas, não raro, em denunciar seus autores, muitas vezes pessoas próximas e integrantes, até mesmo, de seus círculos familiares. A violência contra a mulher, portanto, continua em níveis altos tanto em Ribeirão Preto quanto na região, pois o estupro é um crime grave e de consequências, muitas vezes, irreversíveis, provocando traumas irreparáveis nas suas vítimas.

Os estupradores, como verdadeiros abutres, estão sempre prontos a atacar suas vítimas indefesas utilizando dos mais variados ardis; cabe à sociedade repeli-los, segregá-los e, sobretudo, denunciá-los pelas vias possíveis.

*Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp