Da necessidade de mediação


13/06/2016 13:27 | Welson Gasparini*

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Em pronunciamento recente na tribuna da Alesp destaquei a importância do professor mediador nas escolas estaduais cuja ação comprova o acerto do governo do Estado ao criar, em 2010, essa figura até então inexistente e tornada, de lá para cá, indispensável na solução de conflitos sempre presentes nos aglomerados humanos, sejam eles pequenos, médios ou grandes. Destaquei, também, oportuna reportagem publicada pelo jornal A Cidade, mostrando o papel desse profissional no dia a dia de 31 das 71 escolas estaduais de Ribeirão Preto, cujo texto revela, também, a natureza dos conflitos e problemas registrados nessas escolas, envolvendo desde carência afetiva até o consumo de drogas, bem como os resultados visíveis desse trabalho nos boletins escolares e nos portões desses estabelecimentos através da melhoria do rendimento educacional e, principalmente, pelo fim das brigas entre os alunos.

Aqueles alunos tidos como bagunceiros, provocadores de brigas pelos mais variados motivos, estão, agora, tendo um comportamento correto e respeitoso tanto para com os colegas como para com os seus professores.

Aproveitei minha fala para apelar ao secretário da Educação e ao governador Geraldo Alckmin no sentido de ampliarem a atuação desses professores mediadores, dotando todas as escolas estaduais do trabalho dessa mediação. Afinal, está provado: onde o professor mediador atende os alunos com problemas, acabam as brigas, os tumultos, e o seu trabalho é reconhecido pela própria comunidade na qual atua.

O mediador, na verdade, faz dentro da escola o que um pai ou uma mãe deveriam fazer no interior dos seus lares: orienta e encaminha para o lado do bem. Em um tempo como o atual, em que os pais, geralmente assoberbados na luta pela própria subsistência " tanto o homem quanto a mulher tendo de cumprir jornadas de trabalho nem sempre tranquilas " a criança, o jovem, sentem necessidade de serem ouvidos e de serem apoiados nas suas iniciativas. Eles sentem falta de quem os ouça e os apoie e aí, nesse vácuo, diria, até, existencial, entra o professor mediador com sua sensibilidade humana e sua disponibilidade para acolher quantos o procurem.

Eles recebem, outro fato positivo, apoio da supervisão do sistema de proteção escolar, mas, infelizmente, nem sempre são apoiados pelos pais nos tipos mais comuns de conflitos verificados nas escolas: os de convivência, os relacionados à sexualidade aflorada no ensino fundamental II e, no ensino médio, o do uso de drogas. De qualquer forma, eles contribuem para um clima de maior harmonia na escola, pois ouvem, orientam, evitam agressões e refazem amizades.

Quem se propõe a essa missão realmente humanitária merece apoio e reconhecimento não apenas das autoridades educacionais como, também, dos pais e da própria comunidade porque contribuem, com eficácia, para criar a consciência da cidadania, da solidariedade e, sobretudo, do respeito ao próximo.

*Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp