Drauzio Varella fala à CPI que investiga a epidemia do crack no Estado de São Paulo

Médico cancerologista defende a necessidade de manter usuário longe da droga
09/08/2016 21:06 | Da Redação Fotos: Vera Massaro

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Drauzio Varella fala à CPI que investiga a epidemia do crack <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2016/fg193223.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jooji Hato, Coronel Telhada e Drauzio Varella<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2016/fg193224.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Presentes na reunião da CPI <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2016/fg193225.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Drauzio Varella e parlamentares durante reunião da CPI <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2016/fg193226.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião desta terça-feira, 9/8, da CPI que investiga a epidemia do crack no Estado de São Paulo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2016/fg193227.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Drauzio Varella fala à CPI que investiga a epidemia do crack<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2016/fg193228.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Drauzio Varella, médico cancerologista <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2016/fg193229.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A comissão parlamentar de inquérito constituída com a finalidade de investigar a denominada Epidemia do Crack no Estado de São Paulo recebeu nesta terça-feira, 9/8, Drauzio Varella, médico cancerologista com experiência em moléstias infecciosas.

Autor de vários livros e protagonista de séries televisivas sobre saúde e medicina, Drauzio Varella é reconhecido pelo trabalho realizado em penitenciárias. O médico desenvolveu trabalho de pesquisa sobre a prevalência do vírus HIV entre os presos da Casa de Detenção do Carandiru, de 1989 até a desativação do presídio em 2002, e atualmente faz trabalho idêntico na Penitenciária Feminina de São Paulo.

De acordo com o convidado, é possível aprender a viver sem o crack e, nesse sentido, ele destaca a necessidade de manter o usuário longe da droga. Ele chega a essa formulação a partir dos fatores químicos que envolvem o consumo de cocaíca e da experiência que acumulou nas prisões paulistas desde a época em que o crack chegou às penitenciárias (1992) até quando a droga foi eliminada. Segundo o médico, os "líderes de facções perceberam que os craqueiros criavam obstáculos para a ordem econômica que pretendiam implantar na cadeia e a solução foi proibir o crack. A lei na cadeia é clara: fumou crack na cadeia, apanha de pau; vendeu, morre".

Drauzio Varella diz que atende várias ex-usuárias de crack na Penitenciária Feminina. "Quando elas saem de lá, voltam para a cracolândia e começa tudo de novo", diz.

Mulheres

A situação das mulheres é especialmente trágica no entender de Drauzio Varella. Ele conta que mulheres que levam drogas para presos " em geral seus pais, irmãos, companheiros " e são detidas, ainda nas filas de revista, são levadas para a delegacia e de lá para a penitenciária feminina, condenadas a quatro anos de prisão. "Quem ganha com isso?", pergunta.

Segundo o articulista da Folha de S. Paulo, esse procedimento não tem qualquer impacto sobre o combate ao tráfico e sequer o preso é afetado, porque rapidamente arranja outro jeito de conseguir a droga. "As consequências recaem sobre as mulheres, muitas vezes apenas meninas", anota o médico.

Sobre as mulheres há também a questão da gravidez extremamente precoce e o alto número de filhos. "Na minha experiência, vi avós com 28 anos. Meninas engravidam com 11 anos e, quando nasce a criança, ela é entregue à família ou ao Conselho Tutelar. Isso é uma tragédia para mãe e filhos", afirmou Drauzio Varella.

Encaminhamentos para a CPI

Participando do debate, a deputada Beth Sahão lamentou a impossibilidade da discussão no âmbito da CPI de conceitos relativos à questão das drogas e da sua prevenção, e sugeriu, como recomendação, maior diálogo entre os programas nos municípios e no Estado.

Coronel Telhada (PSDB) disse ser favorável à internação compulsória e sugeriu a utilização do complexo do Juqueri para isso.

Entre as questões que apresentou, Wellington Moura (PRB) quis saber da existência de lobby de hospitais psiquiátricos que lucram com a internação compulsória.

Drauzio Varella disse desconhecer a existência de tal lobby, mas que, se existir, deve ser enfrentado. Ele destacou que é preciso planejamento na implantação de qualquer tipo de programa que envolva a internação. "Não é sair recolhendo as pessoas", disse.

Sobre o programa De Braços Abertos da prefeitura de São Paulo, o médico discordou da permanência dos participantes do programa no mesmo local onde há disponibilidade da droga.

O debate que se seguiu à exposição do convidado nesta terça-feira servirá de base para o que será o produto final da comissão, informou Adilson Rossi (PSB), presidente da CPI.

Participaram da reunião também os deputados Welson Gasparini (PSDB), Jooji Hato (PMDB), Ed Thomas e Caio França, ambos do PSB.

alesp