Realizou-se no dia 11/8, na Assembleia Legislativa, reunião de sacerdotes e seguidores de religiões de matriz africana. Iniciativa da deputada Clélia Gomes (PHS), a audiência serviu também para homenagear pessoas ilustres que se notabilizaram pelo combate à intolerância religiosa. A homenagem teve parceria do SOS Racismo, Portal do Candomblé e Fórum das Comunidades de Terreiro e de Tradições de Matriz Afro-Brasileira do Estado de São Paulo (Foesp). A mesa foi composta pelo senador Paulo Paim (PT-RS), o professor Édio Silva Junior e o secretário municipal de Igualdade Racial, Maurício Pestana. Combate à discriminação Primeiro a falar, o senador Paulo Paim destacou sua atuação na construção de uma política de igualdade e de combate à discriminação de uma maneira geral. "No Congresso, eu tenho orgulho de dizer, não tem uma lei que tratou dos grandes temas que envolvessem a comunidade negra que eu não tenha participado!" Paim ainda defendeu o aumento do número de senadores, deputados, vereadores, prefeitos e governadores negros. Também fizeram uso da palavra os demais componentes da mesa para expressar seu repúdio à intolerância religiosa. Em particular, o professor Édio Silva Junior comemorou vitória numa ação movida contra a Rede Record, por intolerância religiosa, que obriga a emissora a apresentar programas, com uma hora de duração, gravados no seu próprio estúdio, durante 16 dias, para que a "macumba" possa usar seu direito de defesa. Essa ação não é nossa. É do pai Aguirre, da Mãe Luizinha, do Caiá, é do povo brasileiro contra o ódio, contra o racismo, contra o preconceito. Depois que esses programas forem ao ar, eles vão pensar bem antes de falar mal da nossa religião. Édio pediu especial atenção dos presentes aos projetos que estão sendo discutidos no Congresso, e apontou como perigoso o "princípio da insignificância", que está sendo incluído no projeto de código penal, porque "se um juiz entender que um determinado crime não tem significância, o autor não será punido. Portanto é uma porta que se abre para determinados crimes". Édio citou também o projeto Escola sem Partido, "que pretende subordinar a educação escolar a certos valores religiosos familiares. Educação escolar não se confunde com educação familiar. Criticou ainda o projeto que pretende legalizar a intolerância religiosa, uma vez que equipara a função de sacerdote à de professor, para poderem opinar à vontade sem serem punidos por crime de racismo". Respeito Última a se pronunciar, Clélia Gomes falou da dificuldade que encontra na Assembleia para exercer seu compromisso com a sua religião e com seu povo. "Tem uma bancada (evangélica) que me esmaga e não pensa duas vezes em passar por cima de mim. E dizem: "olha, deputada, a senhora não vai conseguir". Mas eu sou de Oyá, sou como o vento. Pensam que eu estou aqui, já estou lá, resolvendo". E alertou os presentes: "tudo que nós queremos conquistar acontece através de nossa participação na política nas assembleias e nas câmaras". E finalizou exaltando a representatividade que o voto dá a um mandato: "Eu não quero ser tolerada. Eu quero ser respeitada".