Com a presença do diretor de Departamento de Documentação e Informação, Rodrigo Tritapepe, e do curador da mostra, Henrique Celso de Azevedo Alves, foi aberta nesta terça-feira, 23/8, o Espaço Novart, uma parceria da Assembleia Legislativa de São Paulo com movimentos artísticos de São Paulo, a maioria da região do ABC.

O discurso comum entre os artistas participantes é o da arte vindo ao encontro do povo, conceito que os artistas de rua levam a sério em suas intervenções, a ponto de inspirar o móbile da dupla Carolina Sab e Thiago Domingues. Batizado de lambe-lambe, nome pelo qual era conhecido o fotógrafo de rua, o móbile "leva a poesia de encontro às pessoas", intenção da dupla para que as poesias curtas, de autoria de Thiago, "contribuam de alguma maneira para o cotidiano da pessoa, dando nova significância ao olhar que a pessoa tem sobre a cidade, sobre as relações, sobre os lugares por onde ela passa", conforme lembrou o poeta e psicólogo coautor do móbile.

Outro participante da Novart, Rodrigo Carneiro " ou Wolv 87, como é conhecido ", é o pintor de quatro quadros, com motivos de caveira, "que tentam fazer uma crítica à sociedade, como no quadro do enforcado, que representa a corrida que a gente faz na busca por dinheiro e que acaba nos matando".

Nenê Altro, artista e produtor de jornais independentes e que começou com a cultura de fanzine (revista de fãs), disse que produziu o Jornal Antimídia, tablóide de música independente que existe há 15 anos e que aproveitou a mostra para, segundo ele, "mostrar para a molecada como as coisas eram antes de a internet existir".

Fernando e sua trupe de circo fizeram uma intervenção na argola e no tecido. Há doze anos frequentando uma escola de circo em São Bernardo, onde estudam crianças desde bem jovens até virarem artistas, Fernando recebeu aplausos em sua exibição com seus parceiros.

Zamboni, outro artista de rua, colocou sua criação, "Ciclope", sentado logo na entrada da mostra, vendo tevê com um controle remoto nas mãos, "representando a passividade do cidadão que não se informa e não se posiciona na vida". Zamboni falou de sua alegria de entrar numa casa tão "careta" para trazer a arte das ruas e espera que isso seja apenas o início de novas intervenções na Assembleia.

Assembleia aberta ao público

O curador da mostra, Henrique Celso, contou que vem de uma família de músicos e que, ao procurar o Departamento de Documentação e Informação para propor uma apresentação musical e produzir uma mostra de cultura urbana, foi muito bem recebido e indicado para preparar a mostra, tarefa que aceitou e realizou com competência, segundo o diretor do departamento, Rodrigo Tritapepe, que considera essa a mostra mais importante que acontece na Assembleia, por buscar nas ruas os artistas que exibem seus trabalhos, trazendo de fora um produto que não seja produzido na Casa, para ser exposto no espaço da Casa.

A promessa feita pelo presidente da Assembleia, Fernando Capez, de abrir a Assembleia para o público, está sendo cumprida, conforme lembrou Rodrigo. "Trazer alguma coisa de fora veio de encontro ao que a gente queria, num formato mais atrativo para o público. Os artistas gratuitamente cederam suas obras, cederam seu tempo, paralelamente a uma participação de artistas de circo. A gente percebe que os artistas querem ocupar os espaços que oferecemos e fizemos a mostra aqui, na porta da rua, para que o público venha aqui para dentro". Rodrigo disse que "essa é a primeira de uma série que pretendemos realizar, construindo um calendário permanente. Tivemos a aceitação da mídia de fora, que entendeu não ser esta uma produção de políticos em busca de votos", finalizou.