A comissão parlamentar de inquérito constituída com a finalidade de investigar a denominada epidemia do crack no Estado de São Paulo recebeu nesta quarta-feira, 31/8, o coordenador do programa De Braços Abertos da prefeitura de São Paulo, Benedito Mariano, para falar sobre as políticas públicas na área de saúde e promoção social destinadas a prevenir e tratar os usuários de crack. O coordenador abordou que os cuidados direcionados aos dependentes focam o tratamento em meio aberto, para melhorar a qualidade de vida dos usuários e ajudar na sua reinserção social. Ele também explicou que o programa tem por objetivo o resgate social desses usuários, por meio de trabalho remunerado, alimentação e moradia digna, com orientação e intervenção não violenta. Mariano destacou que a prefeitura tem realizado parceiras com o programa Recomeço, do governo do Estado, para reintegrar dependentes. Mariano disse que para melhorar e ampliar o projeto nos locais com mais movimento, em especial o bairro da Luz, é necessária uma ação contra os grandes distribuidores de crack. Segundo ele, os traficantes controlam o fluxo de dependentes. Questionamentos O coordenador foi questionado pelos membros da CPI. A deputada Beth Sahão (PT) indagou sobre os riscos de recaída de dependentes e a integração entre os projetos municipal e estadual. Mariano afirmou que o número de recaídas é pequeno perto do número de pessoas que superou o vício. Sobre os programas, ele frisou que é preciso buscar um consenso entre os técnicos a respeito de dados coletados. O deputado Wellington Moura (PRB), relator da CPI, criticou a localização dos hotéis utilizados para abrigar recuperandos, já que ficam perto de locais onde há mais concentração de usuários e traficantes. Ele também perguntou como é feita a seleção e quais os critérios para que os dependentes possam participar do programa. Segundo Benedito, a seleção é feita por assistentes sociais e, atualmente, hospedagens próximas à Cracolândia estão sendo descredenciadas para se buscar hoteis mais afastados das zonas de uso. O coordenador ainda ressaltou a dificuldade em hospedar dependentes químicos, por conta do preconceito. Além dos parlamentares citados, também estiveram presentes Adilson Rossi (PSB), presidente da CPI, Coronel Telhada (PSDB), Welson Gasparini (PSDB) e Jooji Hato (PMDB).