Por iniciativa da deputada Leci Brandão (PCdoB), ato solene ocorrido nesta quarta-feira, 31/8, marcou a posse dos novos diretores da Federação das Escolas de Samba e Entidades Carnavalescas do Estado de São Paulo (Fesesc) para o quadriênio 2016-2020. Ao se dirigir aos presentes " diretores empossados, representantes de pavilhões e escolas de samba " Leci Brandão destacou que esta data, 31/8, ficaria marcada pela luta dos menos favorecidos, os que nunca tiveram acesso, os exclusos, os que almejam reparação, os que jamais foram respeitados ou tiveram seus direitos protegidos. Na sequência, Leci Brandão confessou que se questionou se valia a pena ocupar um assento no maior legislativo estadual do país. "Fui a segunda mulher negra eleita em 180 anos de história do Parlamento paulista", observou. "Mas esta noite, a resposta é sim. Esta é a casa do povo, das leis e tem que haver respeito ao samba", declarou. Segundo ela, o samba só é lembrado pelos oligarcas do Estado quando há interesse político. Passado esse período, ofícios para recursos, espaços e legitimidade de escolas de samba ficam sem resposta. Leci Brandão tachou de "retrocesso" o fato de o samba não ser considerado MPB. Endossando a fala de Leci, Candinho Neto, presidente da Associação das Bandas Carnavalescas do Estado de São Paulo (Abasp), enfatizou que "samba é mais que MPB", por projetar a imagem do Brasil. Representantes de dezenas de associações ligadas às escolas de samba saudaram Mestre Gabi e deram seu testemunho sobre a importância do samba no Estado. Kaxitu Ricardo Campos, presidente da União das Escolas de Samba do Estado de São Paulo, declarou que seria improvável que um homem negro, da velha guarda comandasse o samba de São Paulo. "A figura de Mestre Gabi vai reerguer a Fesec e nos ajudar a enfrentar o preconceito que o samba e o Carnaval sofrem no Estado", disse. Gerson Bombach, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Piracicaba, acrescentou: "nós somos usados e depois eles (autoridades) não nos ouvem, mostram preconceito e criminalizam as escolas de samba". Apelou a Mestre Gabi para que a Fesec lute para manter vivo o Carnaval no interior do Estado, que corre o risco de acabar em vários municípios. Da mesma forma, Orlando José Dal Secco, o Zeca da Associação das Bandas, Blocos e Cordões Carnavalescos do Município de São Paulo (ABBC), destacou que com Mestre Gabi na presidência da Fesec, haverá o florescimento do Carnaval de rua. A Fesec Entidade cultural, folclórica, filantrópica e desportiva, a Fesec foi fundada em 13 de julho de 1984, nas dependências da então Sala do Samba, da secretaria de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo. Em três décadas de existência, a face mais visível da Fesec é a formação de cursos de jurados do Carnaval. Sandércio Benjamim, vice-presidente da entidade, lembrou que coube à Fesec não só criar os quesitos de premiação para os desfiles carnavalescos, mas promover encontros para levantar problemas relacionados ao Carnaval. Citou a formação de mão de obra, como, por exemplo, eletricistas. Mestre Gabi foi o último a se manifestar, após as falas de Eliseu Soares Lopes, secretário-adjunto municipal da Igualdade Racial; José Carlos Lisboa, diretor cultural da Liga das Escolas de Samba do Estado de São Paulo; Isaura Panfili, da Associação dos Destaques das Escolas de Samba Paulistas (Adesp); e Zélia Oliveira, presidente da Associação dos Mestres-Sala, Porta-Bandeiras e Estandartes do Estado de São Paulo. O novo presidente da Fesec apresentou um a um os diretores e afirmou que se cercava de pessoas competentes. Ao final, apelou àqueles, que atuam como jurados em desfiles carnavalescos, que olhem com mais carinho para os componentes e diretores das escolas, "pois não se trata de gostar ou não e sim de avaliar o trabalho apresentado".