A sessão da CPI da Merenda desta quarta-feira, 14/9, ouviu esclarecimentos do presidente Fernando Capez a respeito de notícias que vinculam seu nome a contratos junto à Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf). Capez voltou a negar que tenha obtido qualquer vantagem decorrente de contrato com a cooperativa. "Não recebi nenhum valor dessa ou de qualquer outra cooperativa. Nem mesmo em minha campanha", asseverou em sua explanação, afirmando que não conhece qualquer funcionário da Coaf. "Jamais entraram em meu gabinete", disse o presidente, observando ser vítima de uma infâmia. Capez também negou qualquer contato com órgãos públicos. "Não interferi de modo algum na Secretaria de Educação", referindo-se à beneficiação de contratos entre o poder público e a cooperativa. O deputado Barros Munhoz (PSDB) falou sobre o "grande problema de corrupção na distribuição de merenda no Brasil e que apenas com uma CPI é difícil ter resultado". Ele também disse que há uma perseguição aos políticos por maus integrantes do Ministério Público e que a mídia quer acreditar na máfia da Merenda. Já o deputado João Paulo Rillo (PT) indagou ao presidente Capez sobre sua relação com seus ex-assessores Jeter Rodrigues, José Merivaldo dos Santos e Luiz Carlos Gutierrez. O presidente afirmou não ter tido contato mais próximo com Jeter nem mesmo quando foi funcionário de seu gabinete parlamentar. "Somente o cumprimentava quando passava pelo gabinete". Já em relação a Merivaldo, Capez disse que o ex-assessor o ajudou em campanhas eleitorais. Referindo-se a Gutierrez, o presidente afirmou que era funcionário lotado em seu gabinete no ano de 2014. Capez afirmou que as denúncias de irregularidades praticadas pelos funcionários da Assembleia Legislativa devem ser objeto de sindicância. Ao final, ainda sobre as irregularidades na distribuição da merenda, Capez concluiu afirmando: "se eu tivesse feito uma coisa dessa eu teria vergonha de estar aqui". Suspensão dos trabalhos Realizada no plenário D. Pedro, a reunião foi presidida pelo deputado Marcos Zerbini (PSDB) e suspensa várias vezes por manifestação do público presente no local. No período da manhã chegou a haver confronto entre a Polícia Militar e os manifestantes que queriam adentrar ao plenário. Eles protestaram sobre o critério de distribuição de vagas no recinto. Os estudantes e a bancada do PT pediram a realização da sessão em um plenário maior, mas o presidente da CPI indeferiu o pedido sob a justificativa de que o objetivo da CPI era ouvir os depoentes e um grande público poderia dificultar o bom andamento dos trabalhos. José Merivaldo dos Santos, assessor técnico em cargo de comissão da Assembleia Legislativa, convocado para depor, não compareceu alegando problemas de saúde. Luiz Carlos Gutierrez, citado durante a operação Alba Branca, depôs negando qualquer envolvimento com o caso. Ele afirmou que nunca teve qualquer contato com as pessoas que o citaram. Zerbini informou que o advogado Roberto Lamari, constituído pelo depoente Jeter Rodrigues, que testemunhou na sessão anterior da CPI, teria dado declarações "ofensivas à CPI" para a imprensa e, por isso, seria convocado a prestar esclarecimentos à comissão. Zerbini disse também que Jeter Rodrigues e Merivaldo dos Santos serão convocados para uma acareação. Finalmente Zerbini informou que Marcel Ferreira Julio disse estar disposto a prestar esclarecimentos, mas pediu sessão secreta devido à delação premiada. A oposição manifestou insatisfação com a demora do envio de documentos para a CPI. "Sem a chegada desses documentos será difícil realizar os depoimentos", disse o deputado Alencar Santana Braga (PT). Ao final, a CPI apreciou requerimentos e aprovou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de José Merivaldo dos Santos, no período de janeiro de 2010 a julho de 2016.