ILP promove palestra sobre avanços no tratamento do Alzheimer

Há diversos fatores que podem desencadear a doença, segundo especialista
23/09/2016 14:15 | Da Redação Fotos: Vera Massaro

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Norton Sayeg  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2016/fg194756.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Presentes acompanham a palestra <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2016/fg194757.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Avanços no tratamento do Alzheimer são tema de palestra na Assembleia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2016/fg194758.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Presentes acompanham a palestra<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2016/fg194759.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Para marcar o dia mundial da doença de Alzheimer (21/9), o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) promoveu palestra com o médico Norton Sayeg, reconhecidamente um dos maiores especialistas em geriatria no país, para atualizar o público sobre os avanços no tratamento da doença que atinge 1,2 milhão de casos no Brasil.

O diretor do ILP, Rodrigo Tritapepe, abriu o evento que tratou da importância da difusão de informações sobre o Alzheimer, falando do papel do ILP nessa divulgação. "A palestra de Norton Sayeg vem somar conhecimento a uma parcela importante da sociedade brasileira e insere-se na missão do ILP de produzir, agregar e disseminar conhecimento".

Após fazer um pequeno relato histórico sobre o trabalho do médico alemão Aloysius Alzheimer, que diagnosticou no começo do século 20 o primeiro caso da doença, na paciente Auguste Deter, Sayeg chamou a atenção para o fato de que o Alzheimer não é novo, como a maioria pensa. A doença é causada por um componente orgânico, segundo Emil Kraepelin, diferente do que defendia Freud, que atribuía exclusivamente à psique as doenças da mente. "Kraepelin observou um cérebro pelo microscópio e encontrou lesões características da doença de Alzheimer, que infelizmente só podem ser vistas após a morte do paciente", esclareceu Sayeg.

Conceito errôneo

Sayeg chamou a atenção para um "conceito errôneo" de que, à medida que envelhecemos, é normal a nossa memória vá piorando. "Não é normal", disse lembrando que essa perda de memória pode ser tratada. "Apesar de o Alzheimer não ter cura, nem sempre a perda de memória é causada por ele, assim a causa é facilmente reversível".

Apresentando uma fotografia real do cérebro com células nervosas em atividade, Sayeg explicou os mecanismos de transferência de informação de uma célula nervosa para outra e a importância do neurotransmissor acetilcolina (ACh) nessa transmissão. "Se não houver acetilcolina, essa informação não vai transitar. Na doença de Alzheimer há um déficit desse neurotransmissor. Porém existem mais de cem neurotransmissores conhecidos. Medicamentos atuais inibem determinada substância que neutraliza a enzima que permite o aumento da concentração de acetilcolina na sinapse, isto é, no momento da transmissão da informação."

Sayeg recomendou cuidado com as informações na internet. "Há muita bobagem na internet, como a especulação sobre curas milagrosas à base de água de coco, ou atribuir-se a causa do Alzheimer ao cheiro da pipoca amanteigada preparada no micro-ondas".

Perda de memória

O primeiro fator que Sayeg citou para a demência é a medicação, como "as malditas pílulas para dormir. Tarja preta depois dos 55 anos deve ser evitada a qualquer custo. São hipnóticos que tiram a memória do indivíduo. Às vezes basta trocar o medicamento e tratar a causa para melhorar tremendamente a memória do paciente". O segundo fator é a depressão. "Pouca gente sabe, mas a depressão causa perda de memória e insônia. Se o médico se deparar com um quadro de depressão e der um sedativo, isso vai piorar a memória da pessoa".

Sayeg citou ainda o diabetes; problemas endócrinos, sensoriais, de ordem nutricional, como deficiência do complexo B ou do ácido fólico, e cardiovasculares; e infecções urinárias. "Infelizmente não existe um exame específico que determine o Alzheimer. O que a gente faz para diagnosticá-lo é excluir todas as outras causas de perda de memória. Assim é entrevista com o paciente, entrevista com o familiar e exames para se dar o diagnóstico".

Sobre os tratamentos para o Alzheimer, Sayeg disse que são dois: o já citado, que inibe a enzima acetilcolinasterase, e um novo, chamado de antagonista dos receptores de glutamato, que é um ótimo neuroprotetor. Sayeg advertiu que o tratamento não farmacológico também é muito importante, como a reabilitação cognitiva e o controle da alimentação.

Sayeg ainda recomendou que a família seja bem informada pelo médico para que ela se solidarize com o paciente. O médico anunciou ainda uma onda de novos medicamentos para Alzheimer, que não estão disponíveis no mercado.

Em seu centro de estudos, Sayeg está coordenando um experimento com um medicamento seguro em pacientes voluntários. O centro de estudos ainda está aceitando inscrições para esse grupo.

alesp