O Dia Mundial do Turismo, comemorado em 27/9, foi celebrado em sessão solene, na Assembleia Legislativa, nesta sexta-feira, 30/9, por iniciativa do deputado Enio Tatto (PT). A cerimônia teve como tema Políticas Públicas e Turismo e fez parte do 13º seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo (Anptur), realizado no Palácio 9 de Julho. "A iniciativa de trazer o ambiente acadêmico para dentro da Assembleia Legislativa merece elogios. Une-se à pesquisa a atuação política e a articulação social, em benefício do Estado", disse o presidente da Assembleia, Fernando Capez, na abertura da sessão. Ele convidou os participantes a colaborarem com o projeto da TV Assembleia SP, Turismo Paulista, pelo qual uma equipe vai percorrer o Estado de São Paulo para mapear e divulgar atrações turísticas. "Procuramos sensibilizar a classe política para o debate sobre o turismo", disse Alexandre Panosso Netto, professor de turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), da USP, referindo-se à atuação conjunta citada por Capez. Panosso apontou ainda programas de pós-graduação em turismo, lembrando que a Anptur já conta com dez deles. Atrair investimentos em infraestrutura, valorizar o patrimônio cultural, preservar ativos ambientais e envolver mão de obra de formações diversas são algumas características que tornam o turismo uma atividade estratégica, observou o diretor de Administração do Ministério do Turismo, Ítalo Oliveira Mendes. "É uma porta de entrada para os jovens no mercado de trabalho", afirmou. Mendes falou de dados do Fórum Econômico Mundial que indicam o Brasil como o 28º país mais competitivo em turismo, pelos seus recursos naturais e culturais. "Mas essa avaliação despenca quando se trata de políticas públicas para o setor. Há muito a ser feito nessa área". Políticas públicas Para o presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas e professor de turismo da EACH/USP, Eduardo Sanovicz, o Brasil tem momentos inovadores no turismo, mas também tem muitos problemas. "Isso porque a execução de políticas públicas para o setor se descola dos anseios de seus profissionais". Ele propôs que o setor adote uma "postura militante e menos tímida". Ele também destacou a necessidade de a academia ter um papel protagonista na definição de rumos do setor, "com formuladores e executores de políticas públicas em atuação condizente com nossa vida cotidiana". "Há diretrizes corretas e a academia foi ouvida na formulação de alguns planos", contrapôs o professor de turismo da EACH/USP e da Universidade de Brasília, Mário Carlos Beni. Mas formulações adequadas e recomendadas pela Organização Mundial de Turismo, como o Plano Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT, da década de 1990) e o Programa de Regionalização do Turismo (PRT, de 2003), acabaram sendo vítimas da pressa. "A primeira providência desses planos deve ser conhecer o espaço turístico nacional. Mas o gestor pulou essa etapa", disse Beni. Ele observou que os órgãos públicos trabalharam a partir de roteiros já consagrados. "Por isso se diz que o Programa de Regionalização do Turismo é na verdade um Programa de Roteirização do Turismo", afirmou. Ele vê como saída para a execução de políticas públicas de turismo a transformação da Embratur em uma agência de desenvolvimento, que atue em parceria com a iniciativa privada. "O país precisa da força do turismo", concordou o deputado Jooji Hato (PMDB), que presidiu a cerimônia. "O Brasil tem que melhorar muito o setor de turismo, porque esse setor pode ajudar a angariar recursos para outras áreas."