Apaixonado pelo rádio, veículo em que mantém o programa Show da Manhã, de duas horas diárias, há mais de 30 anos, o deputado Ed Thomas (PSB) fala, também apaixonadamente, dos projetos que o levaram a concorrer a uma vaga no Legislativo paulista. Opina sobre as reformas trabalhista e previdenciária, defendendo, antes, a discussão da tributária. Relata como tem sido sua representatividade na 10ª região administrativa, formada por 53 municípios, a mais distante da capital paulista. Evidencia-se aí, diz Thomas, referindo-se à distância de 600 quilômetros que separam Presidente Prudente de São Paulo, a necessidade de se brigar por uma fatia maior do orçamento estadual. Thomas se define como um vereador do Estado. É defensor do voto distrital, que o levou a exercer o mandato de vereador, em uma campanha feita com microfone em cima de um carro dirigido por sua mulher. Segundo ele, o voto distrital é o grande facilitador da proximidade da população com sua representatividade enquanto parlamentar. "O escritório maior de um político é a rua", sentenciou, esclarecendo que se trata de um trabalho em que se consegue melhorar a vida das pessoas. Necessariamente, não um projeto de sua autoria, mas algo em que votou. "Se já beneficiou uma pessoa, já valeu a pena. Mas se atingir uma cidade inteira, nossa!" resumiu. Ainda sobre a atividade política, Thomas reconhece ter vocação "para cuidar de gente". Buscar soluções para melhorar a vida do jovem, da criança, do idoso, do desempregado, do doente. Exemplificou com a falta de formação profissional do jovem. "O país busca o progresso na forma material, ou seja, no concreto e no tijolo, porém, regride em relação aos nossos jovens", detalha o parlamentar, para quem vagas de trabalho existem, mas falta qualificação profissional. Thomas complementou enfatizando que, da mesma forma que a saúde, a responsabilidade sobre o desemprego deveria recair igualmente sobre a União, Estados e municípios. O social, a terra e os presídios Além destas questões, o deputado comentou a ênfase que dá a outros aspectos de seu mandato. Fez menção à Frente Parlamentar de Apoio às Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), em que atua como coordenador, e sua luta pela terra. Thomas argumentou que saúde e educação são prioridade, mas há necessidade de se valorizar a agricultura familiar. Sobre sua posição contrária à construção de presídios na região de Presidente Prudente, tema de muitas de suas manifestações em plenários neste Parlamento, o deputado lembra que, já à época de vereador em sua cidade, era contra a construção de presídios no Oeste paulista. Sua argumentação é a de que a região já deu sua contribuição no que se refere a este assunto. "Temos a maior população carcerária do Estado, o que gerou necessidades como creches, escolas e hospitais para os familiares desses detentos. Aliás, a própria população carcerária precisa de atendimento nos hospitais; os filhos precisam de escolas. Este problema social precisa ser enfrentado", reiterou. Evasão fiscal e perspectivas Após lembrar que o Oeste paulista é uma das regiões mais seguras do Estado, detentora de riquezas naturais e potencial turístico, Thomas apontou a evasão fiscal como um dos mais sérios problemas dos municípios da região. "Estamos há apenas 80 ou 90 quilômetros de Mato Grosso e a 60 km do Paraná. Os empresários estão se transferindo para esses Estados, atraídos pelo incentivo fiscal, e causando desemprego". Para resolver esta guerra fiscal instalada, Thomas defende uma alíquota única. Ao falar sobre as eleições passadas e suas perspectivas futuras, Ed Thomas ponderou que na política "tudo vai acontecendo". Candidatou-se a prefeito uma vez, mas perdeu "por pouca diferença e por poderio de coronel de boi, cana-de-açúcar e comunicação". Entretanto, confessou que o fato o amadureceu, e que essa experiência ele trouxe para seu mandato. Nas últimas pesquisas para as eleições municipais a prefeito, seu nome aparecia bem. Mas, Thomas abriu mão da candidatura, pois seria uma irresponsabilidade deixar a região que representa sem representatividade política. "São 53 municípios pequenos que precisam de um contato com o governador, e fui eleito por isso", justificou. Outra eleição se avizinha. Thomas lembrou que está deputado, em terceiro mandato, mas sempre será radialista. "Política não é profissão. O país vive um momento político vergonhoso, imoral, mas tenho orgulho de estar na política. O país foi roubado. Há empresas devendo milhões. Não falta dinheiro na previdência. O que falta é cobrar gente que dá calote", afirmou, defendendo uma reforma tributária antes de se falar em reforma trabalhista e previdenciária. Amor pelo rádio Ao perder o emprego como entregador de frangos, Ed Thomas encontrou o rádio. Iniciou na Martinópolis Rádio Clube, aos 15 anos de idade, limpando as dependências da emissora. Mudou-se para Presidente Prudente, para trabalhar na discoteca de uma rádio local. Passou a operador e depois começou a ler notícias dos jornais. Atuou como repórter de campo, narrador de futebol, comunicador, radiojornalita. E nunca mais abandonou o rádio. "Há quem diga que em jornalismo, quem não passar pela rádio tem um aprendizado incompleto. É o maior veículo de comunicação. Quando surgiu a TV diziam que a rádio iria acabar. A TV acabou sendo feita por quem trabalhava em rádio. Hoje, o rádio está na Internet. É um veículo fantástico. É uma necessidade para meu viver. É um jeito de eu estar sempre perto das pessoas."