Entrevista com o deputado Marco Vinholi


08/05/2017 18:29 | Da Redação Beatriz Correia - Fotos: Raphael Montanaro

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Marco Vinholi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2017/fg202021.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Com 32 anos de idade, um dos mais novos deputados da Assembleia Legislativa, Marco Vinholi (PSDB), entrou na política porque conseguia convencer pizzarias de São Paulo a abrirem fora do horário de funcionamento normal (noturno) para Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, quando o buscava no aeroporto. Brizola reconheceu o poder de articulação de Vinholi e o convidou a se filiar ao PDT. O deputado conta, nesta edição do Mandato em Pauta, os desafios de trabalhar tão jovem e as propostas para as áreas sociais e da educação.

Marco Vinholi assumiu o mandato em janeiro de 2017 como suplente de Luiz Fernando Machado (PSDB), eleito prefeito em Jundiaí. Aos 16 anos, ingressou em movimentos estudantis da cidade onde foi criado, Catanduva. Foi presidente do Centro Acadêmico da PUC-SP, diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE) e da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Vinholi teve influências políticas do pai, Geraldo Vinholi, que carrega quatro mandatos como deputado estadual e um como prefeito de Catanduva.

Estudantes

A partir do histórico de militância no movimento estudantil, Vinholi lançou, no dia 11/4, a Frente Parlamentar em Defesa dos Estudantes. O objetivo da iniciativa é promover debates, aperfeiçoar a legislação, criar políticas públicas e apoiar o acesso e permanência dos estudantes nas universidades, inclusive em questões financeiras.

"Quando entrei aqui (no Legislativo), eu percebi que a educação é muito discutida pela ótica do professorado, dos servidores, mas pouco pela ótica do estudante", confessa Vinholi. O deputado ressalta ainda que não agrega "nenhum demérito" a visão dos professores e servidores, mas que sentiu a necessidade de representar o aluno.

A Frente tem parceria com diversos segmentos da área como ANPG, UNE, UBES, Pós-Uninove, DCE, Unicsul, Inter Atlétlicas, Coordenadoria Estadual Joventude, Coordenadoria Municipal Juventude, PUC, Fecap, Unitalo, Unisantana, Igesp, Sebrae, Fiesp e Federação Empresa Júnior.

O parlamentar explica que um dos maiores problemas hoje em dia é a permanência dos estudantes nas universidades e confessa que uma das propostas é a criação do Bom Prato Estudantil, pelo qual os estudantes terão acesso, segundo o deputado, a uma alimentação de qualidade por apenas um real. "Esses estudantes são, em sua maioria, de baixa renda, que têm seu estudo financiado e não têm o recurso de assistência estudantil, para se manter", declara.

Reforma do Ensino Médio

O tucano defendeu a implantação da Reforma do Ensino Médio no Estado de São Paulo, declarando que a mudança se faz necessária, uma vez que, segundo ele, a qualidade do ensino no Brasil está muito abaixo da média internacional. "Imaginou-se que ela (a reforma) já estava sendo implementada, mas não é assim. Cada Estado vai ter flexibilidade para colocar a sua reforma nas grades. Você tem um "modelo Brasil", mas os Estados têm liberdade para construir isso", pontuou Vinholi.

A Reforma Nacional do Ensino Médio é a proposta de uma Medida Provisória (MP) com novas diretrizes para o ensino médio, sancionada pelo presidente Michel Temer, em fevereiro deste ano. Elaborada pelo Ministério da Educação (MEC), a MP altera, entre outros pontos, a obrigatoriedade das disciplinas e a carga horária de estudo.

O deputado lembra ainda que a reforma vem sendo pensada há muito tempo: "Não é uma proposta nova do novo governo, é uma discussão muito antiga, não foi promovida agora". Vinholi declara também que acha melhor "o processo ter sido acelerado do que ser empurrado com a barriga".

Interesse social

Além da área da educação, Vinholi tem em sua pauta de trabalho propostas de interesses sociais. O deputado participa de oito frentes parlamentares, dentre as quais é coordenador de três; cinco comissões como membro efetivo, três como suplente e duas CPIs.

A Frente Parlamentar de Apoio ao Combate ao Câncer, lançada em abril deste ano, tem por objetivo propor, a partir de pesquisas e debates, ações de prevenção e tratamento do câncer.

O deputado explica que tanto no interior quanto na capital de São Paulo existem diversas entidades ligadas ao combate da doença, e que a Frente irá apoiar estas instituições buscando "saídas de financiamento, parcerias com o Estado e propondo uma utilidade pública que possa abranger a todas".

A CPI da Cartelização da Citricultura foi aberta no início de 2017 e escolheu, no último dia 3/5, o presidente, vice e o relator. Este último papel foi assumido por Marco Vinholi, que destaca a importância e responsabilidade da nomeação: "O relatório que vai trazer um pouco dos rumos que a gente vai tomar na CPI".

O objetivo da Comissão Parlamentar de Inquérito é investigar práticas de cartelização pela indústria da citricultura no Estado de São Paulo. "O produtor tem a mesma importância no processo que a indústria, então queremos igualar um pouco a relevância de cada um na agricultura", declara o deputado.

Desafios e Perspectivas

Com quase dois anos de mandato, Marco Vinholi comenta a dificuldade de conseguir resultados em um período curto. Segundo o deputado, "em quatro anos você tem um tempo maior para construir suas pautas. As coisas levam tempo para acontecer". O parlamentar afirma que deve produzir mais em menos tempo, mas ressalta o esforço, classificando-se como um deputado presente na Assembleia, nas comissões e nos trabalhos da Casa. "Eu acredito que a produção que apresentei nesse período e a que vou apresentar ao final do mandato vão fazer jus às pessoas que votaram em mim", garante.

Sobre seu futuro político, Vinholi não almeja o executivo, diz gostar de legislar e conclui: "pretendo ser um bom parlamentar e ao final desses dois anos de mandato, sustentado pelo resultado do meu trabalho, pretendo me candidatar à reeleição".

alesp