Entrevista com o deputado Marcos Damasio


16/05/2017 16:33 | Da Redação: Keiko Bailone - Foto: Raphael Montanaro

Compartilhar:

Marcos Damasio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2017/fg202388.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nascido em uma família ligada à política " o pai foi vereador em Mogi das Cruzes, durante 20 anos " e crescendo nesse meio, Marcos Damasio (PR) foi naturalmente influenciado a trilhar este mesmo caminho. Elegeu-se para o primeiro mandato (1988) aos 24 anos, tornando-se o mais jovem vereador da cidade. Passou por mais três exercícios, completando 16 anos nesse cargo. Somaram-se outros seis anos como secretário municipal de Desenvolvimento Econômico. Nesta edição do Mandato em Pauta, Damasio fala desse período, de sua primeira experiência como deputado estadual, opina sobre os trabalhos legislativos e destaca o contexto em que se enquadra Mogi das Cruzes, uma das cidades para onde tem destinado suas emendas parlamentares.

Formação política

Marcos Damasio representa Mogi das Cruzes. Com 450 mil habitantes, é o maior e mais desenvolvido município da região do Alto Tietê e a maior cidade, territorialmente falando, da região Metropolitana de São Paulo. "Só perdemos para São Paulo", acrescenta.

Composto por 11 municípios, entre os quais Mogi, o Alto Tietê possui mais de três milhões de habitantes. "Os problemas são muitos e parecidos no tocante às áreas da Saúde, Educação e Economia", explicou Damasio, ao abordar seu trabalho parlamentar para a região. Relatou que, à época da Câmara dos Vereadores, brigava para levar aos bairros da periferia a infraestrutura que não havia. "Os tempos eram outros, a economia era outra. A gente pedia, o prefeito realizava", lembrou-se Damasio, acrescentando que, hoje, os prefeitos têm mais é que ser criativos porque estão com os cofres vazios.

Dificuldade para aprovar um PL

Ao se referir ao trabalho legislativo, Damasio reportou-se ao que considera a maior dificuldade interna do dia a dia da Assembleia Legislativa: a aprovação de um Projeto de lei.

"Converso com meus colegas e todos me dizem que se eu conseguir aprovar um ou dois PLs por ano, eu devo me dar por satisfeito", lamentou. Observou que 80% ou 90% dos projetos aprovados no Parlamento paulista são de autoria do Executivo. "Não concordo com isso. Deveriam ser aprovados mais projetos de deputados do que só os de interesse do governo. Ficamos relegados a um segundo plano; num conjunto de 94 parlamentares, há bons projetos, boas ideias que poderiam melhorar a vida do povo paulista". Para Damasio, a Assembleia deveria ser mais autônoma, mais independente e prestigiar mais os deputados. Reconheceu, entretanto, ser essa uma "tradição da Casa", difícil de ser mudada, principalmente porque o governo tem ampla maioria entre os pares.

Ao se referir a mudanças no Regimento Interno, proposta pela Mesa Diretora, o parlamentar acentuou que "elas têm que valer desde que sejam para melhorar a Assembleia". Lembrou que, por vezes, uma proposta fica até sete horas em uma discussão longa e improdutiva, em que deputados usam o tempo para falar de assuntos que nada têm a ver com o projeto em pauta. "Tudo para tomar tempo; ninguém tem paciência, todo mundo sai do Plenário; para obstruir o andamento da sessão, a oposição pede Verificação de Presença; perde-se tempo na chamada dos 94 nomes. Quem assiste de fora pensa que a gente é louco", avaliou Damasio.

O Partido da República (PR) de Damasio integra o chamado Blocão, que reúne 25 partidos com um ou no máximo três parlamentares. Damasio acha essa ideia excelente, pois "não existe projeto que seja aprovado sem nossos votos". Mas defende mais organização desse Blocão. "Sei que é difícil, cada um representa uma região, defende uma bandeira, mas temos de caminhar juntos", defendeu.

Ações do mandato

Damasio é autor de 22 PLs, para as áreas de saúde, ambiental e esportiva. Tem também incentivado o empreendedorismo, pois acredita que "quem quer gerar emprego e recolher impostos tem que ser tratado de maneira diferente. A vida do empresário não é fácil, enfrenta uma carga tributária das mais pesadas do mundo".

Assim, em agosto de 2015, iniciou a Frente Parlamentar para o Desenvolvimento Industrial de Taboão. O objetivo é transformar uma reserva de 15 milhões de metros quadrados em um grande parque industrial. Ali funcionariam mais de 54 indústrias " aliás, já há algumas fábricas de colchões e autopeças. Segundo Damasio, a localização desse espaço é privilegiada, pois situa-se entre a Rodovia dos Trabalhadores (Ayrton Senna) e a Rodovia Presidente Dutra. "É de fácil acesso, está a 20 minutos do aeroporto de Guarulhos e pode se transformar no maior parque industrial do Estado de São Paulo. Quando era secretário de Desenvolvimento de Mogi, mantive contato com a Associação Gestora das Empresas do Taboão e cheguei ao Parlamento com o compromisso de apoiar essa iniciativa".

Além desta Frente Parlamentar, Damasio é o autor da proposta que pede a ampliação dos Centros de Tratamento e Diagnóstico de Câncer de Mama (como o do Pérola Byington) para hospitais regionais do estado, ou seja, interior e cidades litorâneas. E também de um PL que sugere a adoção de sistema de captação de água de chuva em prédios públicos. Observou que nem o prédio da Assembleia faz captação de água. Defende a ideia de que deveria haver essa captação em todos os órgãos públicos do estado.

Além desses e outros PLs, destacou o empenho junto às Faculdades e Escolas Técnicas (Fatecs e Etecs) do estado para levar cursos profissionalizantes para a periferia. O parlamentar disse que Mogi tem 450 mil habitantes e só uma Etec e, quando se abrem inscrições mais de dez, 15 mil candidatos disputam as mil vagas. "Construir novas Etecs é difícil, mas levar cursos onde o Estado já tem escolas com salas ociosas é possível", explicou.

Igreja Batista

Damasio é membro da Igreja Batista. Há vinte anos o parlamento paulista não tinha um representante dessa Igreja. Apesar do atual cenário político, está otimista. Acha que o pior da crise já passou. Para ele, a Operação Lava Jato modificou o País. Antes, o Ministério Público não tinha a força que tem hoje. A Polícia Federal não agia como age hoje. "Antigamente dizia-se que rico não ia para a cadeia porque tinha dinheiro e podia contratar advogado bom. Agora, você vê ex-governador, dono da maior empreiteira do país preso, um dos homens mais ricos do mundo preso. Estamos vivendo um momento diferente de 30 anos atrás. Quando comecei isso ninguém imaginava".

alesp