Entrevista com o deputado Carlão Pignatari


29/05/2017 16:50 | Keiko Bailone - Foto: Raphael Montanaro

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Carlão Pignatari<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2017/fg202974.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlão Pignatari<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2017/fg202976.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Empresário do ramo avícola, prefeito por duas vezes consecutivas e prestes a completar mais um mandato como deputado estadual, Carlão Pignatari (PSDB) fala sobre o início de sua carreira política, seu trabalho na Assembleia e comenta os fatos políticos que têm ocupado espaço no noticiário diariamente.

Pignatari filiou-se ao PSDB em 1992. Dois anos depois, tornou-se coordenador regional da campanha de Mário Covas, que concorria então a governador. Em 1996, resolveu candidatar-se a prefeito de Votuporanga. Não se elegeu e voltou candidato em 2000, quando 56,63% dos eleitores votaram nele. Quatro anos mais tarde, foi reeleito com 79,88% dos votos.

"Votuporanga é muito quente e muito longe", brincou Pignatari. Cidade de tamanho médio do noroeste paulista, está distante 537 quilômetros da Capital e a apenas 100 quilômetros dos municípios que se situam na fronteira entre São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Tem 102 mil habitantes. "Minha reeleição deveu-se à gestão pública", avaliou Pignatari, ao lembrar que 30% das ruas da cidade eram de terra. Foram pavimentadas. Além do mais, empenhou-se em investir no tratamento de esgoto e erradicação de favelas da cidade. "Isso me deu prestígio político, perfil popular", comentou, estimando que contaria atualmente com 71% dos votos no município.

Ainda no seu primeiro mandato, Pignatari lembrou que os votuporanguenses realizaram um sonho de 30 anos, ao ver inaugurada a duplicação da Rodovia Euclides da Cunha. "São 180 quilômetros interligando Mirassol a Santa Fé da Sul", pontuou, ao se referir à duplicação que permite percorrer, em via dupla, desde a Capital até esses municípios " seguindo pela rodovias Bandeirantes, Washington Luiz e entrando na Euclides da Cunha. "Esta obra incentivou a entrada de novas empresas na região", ressaltou.

Seus projetos na Assembleia

Pignatari enfatizou que, no tocante aos trabalhos parlamentares, seu foco tem sido a defesa dos municípios da região " além de Votuporanga, Fernandópolis, Jales, Santa Fé do Sul e São José do Rio Preto. Afirmando-se como um deputado que busca aproximar o pequeno município da Capital, mencionou o trabalho desenvolvido como coordenador da Frente Parlamentar pelo Fortalecimento da Assistência Social. "Apresentamos um projeto de lei para a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)", disse. Este PL foi desenvolvido em parceria com o governo do Estado, o Núcleo de Ciências Políticas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e a Universidade de São Paulo (USP). A ideia é garantir políticas públicas de amparo às crianças e aos adolescentes carentes. Entre as ações previstas, estão aquelas voltadas à reabilitação e à promoção da integração para pessoas com deficiência à comunidade, além do pagamento de benefícios a idosos. "Seria a adequação da lei federal ao Estado, ou seja, regras que nortearão os municípios que quiserem adotar essas medidas", disse o deputado. O SUAS tramita atualmente na Comissão de Constituição e Justiça.

Ainda na área de assistência social, vale registrar o trabalho iniciado por Pignatari durante o mandato de prefeito: a recuperação da Santa Casa de Misericórdia de Votuporanga. Em vias de fechar as portas do Pronto Socorro e paralisar o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), essa entidade tornou-se referência nacional e modelo de gestão para muitos hospitais do país, segundo o parlamentar.

Pignatari mencionou duas outras frentes parlamentares: uma sobre as vistorias veiculares em prol da segurança e da vida (Frepaves), e a Ambientalista e pelo Desenvolvimento Sustentável. A primeira foi lançada em março deste ano e tem por objetivo discutir regras jurídicas para evitar concorrência desleal entre as empresas do setor e, ao mesmo tempo, oferecer garantia e segurança aos proprietários de veículos. "O Detran abriu a possibilidade de várias empresas fazerem vistorias veiculares em todos os municípios paulistas, pagando apenas as taxas devidas ao Detran". Os trabalhos desta Frente são desenvolvidos em parceria com o Sindicato das Empresas de Vistorias de São Paulo.

Entre os projetos apresentados por Pignatari, destacam-se o que dispõe sobre indicação expressa do risco de morte por contato acidental com a rede elétrica em embalagens ou rótulos de produtos (50/2017) e o que propõe a isenção do pagamento de pedágio ao idoso maior de 65 anos nas rodovias estaduais (335/2017). Em se tratando de leis, é de autoria do parlamentar a 16.286/16, que agiliza o processo de leilão dos veículos automotores apreendidos, removidos, depositados ou abandonados em pátios de retenção públicos ou privados, estabelecimentos ou propriedades com ou sem identificação, sem qualquer interesse de órgãos, entidades púbicas ou privadas.

A política

Pignatari ocupou durante dois anos o cargo de líder da bancada do PSDB. Nesse período, propôs inovações como reuniões com secretários estaduais e diretores de autarquias. A ideia era que deputados pudessem conhecer melhor a máquina administrativa e as atividades de cada secretaria estadual para a votação de projetos.

No entender de Pignatari, é preciso "reforçar a função da Assembleia Legislativa de São Paulo". "Não podemos ficar aqui colocando nome em prédio público", disse. "Este não é o papel do deputado. Temos que fiscalizar, cobrar com decência, ética".

Ao falar sobre o cenário político nacional, Pignatari afirmou que os políticos se afastaram da população e uma reaproximação é necessária. "Eu não posso ouvir dizer queé preciso acabar com a classe política", comentou. "Se acabarem com os políticos, vão acabar com a democracia. Tem que separar o joio do trigo, o político corrupto do decente."

Disse ser favorável à renovação da classe política e contra a reeleição para o deputado estadual que já tiver cumprido dois mandatos. A seu ver, cumprido esse prazo, o candidato deveria concorrer a outros cargos públicos. Deu sua opinião também sobre a chamada lista fechada, uma das propostas da Reforma Política: "sou radicalmente contra lista fechada. Isto é um engodo. Como o cidadão vai saber em quem votar? E vou dizer: estou jogando contra minha reeleição. Como sou o 12º entre os 22 mais votados estarei praticamente com a reeleição garantida. Mas não acho isso bom para o Brasil. Não neste momento". Pignatari defende uma lista mista, onde partidos escolheriam 50% dos nomes e o distrito outros 50%. "Só assim o povo vai lembrar em quem votou", concluiu.

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