Entrevista com o deputado Adilson Rossi


07/06/2017 17:05 | Larissa Leão - Foto: Raphael Montanaro

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Adilson Rossi <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203390.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> 	Adilson Rossi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203439.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O teólogo, pastor e deputado Adilson Rossi (PSB) sentiu o desejo de ingressar na área política de forma inesperada. O parlamentar envolveu-se pela primeira vez no segmento em 2000, quando concorreu para uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo e obteve 21.772 votos, tornando-se primeiro suplente pelo PTB. Seu primeiro mandato como deputado estadual foi em 2002 pelo PTB e em 2010 foi reeleito com 64.646 votos pelo PSC. De volta ao posto em 2014 pelo PSB, o deputado atua nas áreas de saúde, projetos sociais e educação.

Rossi acredita que "a política não está fácil e o Brasil vive uma situação delicada". Para ele, com os escândalos de corrupção que vêm sendo divulgados, a política desestimula as pessoas, principalmente os jovens. Além disso, acrescenta que a sociedade acaba por julgar os políticos de forma indiscriminada, colocando-os em uma vala comum. "A política está presente em todos os segmentos da sociedade, ela tem de ser feita por gente boa", diz.

CPI do Crack

Adilson Rossi foi presidente da CPI da Epidemia do Crack, que esteve aberta no ano passado. Ele declara que, desde o início, foi dado um viés mais de saúde pública e menos policial à Comissão. "Trata-se de uma epidemia. Hoje o crack está presente em mais 80% dos municípios do Estado", diz.

Na época, ele convidou especialistas no assunto, como o médico Dráuzio Varella, para falar aos deputados. Na ocasião, Varella falou de sua visão sobre saúde pública e o panorama do crack na sociedade. O secretário de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, também participou. "Todos os depoimentos ouvidos nos fizeram ter a visão de que a droga está mais próxima do que pensamos", declara.

Além disso, a CPI analisou dois programas que existiam na época, um do governo, denominado Recomeço, e outro da prefeitura municipal, o Braços Abertos, que atuavam de formas distintas e apresentavam resultados diferentes. A Comissão chegou à conclusão de que o programa do governo trouxe resultados mais positivos, enquanto o municipal, "desastrosos".

Ao final dos trabalhos, os parlamentares apresentaram um relatório com propostas de ações que pudessem ser feitas pelas autoridades responsáveis para melhorar a questão.

Ação na Cracolância

Recentemente, o prefeito João Dória realizou uma operação de combate ao tráfico de drogas na região conhecida como Cracolândia, no centro da capital paulista. A ação dividiu opiniões. Para Adilson Rossi, algo deveria ser feito. "O que vinha acontecendo era o maior desrespeito aos diretos humanos que a cidade já viveu", defende.

Citando uma conversa com um especialista, Rossi afirma que é melhor ter uma dezena de "pequenas cracolândias" do que aquela que existia, com um fluxo de aproximadamente 1.800 pessoas por dia. "É mais fácil combater o traficante em grupos pequenos, nos quais é mais fácil encontrá-los, do que em grandes", diz.

Para ele, a ação vem resgatar o usuário dependente das drogas e acabar com os traficantes que se aproveitam deles praticando o crime.

Benefícios para o consumidor

Entre os projetos que apresentou, Rossi destaca o PL 1132/2011, que obriga os supermercados e estabelecimentos similares a dispor seus produtos na posição vertical. O objetivo é facilitar o acesso a idosos, obesos, pessoas de baixa estaturas e pessoas com deficiência. "Para o supermercado não muda nada porque não cria custo adicional", diz.

Para ele, o projeto irá beneficiar o consumidor e o estabelecimento, que irá vender até mais em razão da facilidade do acesso aos produtos. O PL está parado na Assembleia Legislativa desde 2012, segundo Rossi, devido à resistência dos deputados que representam o segmento dos supermercados.

Preocupação com a saúde

O deputado apresentou o Projeto de Lei 1219/2015, autorizando o Poder Executivo a criar o Centro de Referência de Diagnóstico e Tratamento de Pessoas com Síndrome Fibromialgica, que provoca dor nos tecidos fibrosos e musculares, especialmente das mulheres. Rossi explica que a doença atinge 20% de pessoas em escala mundial.

Segundo o parlamentar, o governo poderia criar um atendimento específico primeiro em hospitais da capital e depois estendê-lo a todo o Estado. "O tratamento para as pessoas que sofrem de fibromialgia não é complicado: um fisioterapeuta ameniza o sofrimento por meio de sessões terapêuticas", explica. O PL foi aprovado na Casa, mas vetado pelo governador. Adilson Rossi luta agora para derrubar o veto.

Outro PL de destaque é o 237/2012 que dispõe sobre a política estadual de Atenção Integral à Saúde do Homem no Sistema Único de Saúde (SUS). O parlamentar acredita que é necessário haver incentivo e orientações para os homens, na mesma proporção que acontece com as mulheres. "Precisamos quebrar tabus", diz, referindo-se ao diagnóstico e ao tratamento do câncer de próstata. "Hoje o índice de mortalidade devido a essa doença é altíssimo e não tem idade", completa.

Segundo ele, são escassas as campanhas de incentivo aos cuidados com a saúde voltadas ao público masculino. Por meio do projeto, que aguarda votação, ele propõe que o governo incentive tratamentos e exames preventivos.

Rossi lembra que já há um Hospital de Saúde do Homem, localizado na Av. Brigadeiro Luís Antônio. Apesar de possuir recursos, há baixa demanda. De acordo com pesquisa do hospital, 60% dos pacientes chegam ao serviço com o câncer de próstata em estágio avançado por falta de prevenção. O levantamento mostra que esses pacientes consideram constrangedor procurar ajuda quando aparecem os sintomas iniciais. "Não deveria ser apenas um hospital que trata do problema já existente, mas da prevenção. A saúde não pode esperar", declara.

alesp