Entrevista com o deputado Marcos Zerbini


08/06/2017 20:14 | da redação - foto: raphael montanaro

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Ligado em sua juventude aos trabalhos sociais que exercia junto à Igreja Católica, o deputado Marcos Zerbini (PSDB) mantém como suas bandeiras políticas a habitação e educação de qualidade para toda população. Nesta edição do Mandato em Pauta, ele detalha sua luta por moradia, em conjunto com a Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo (ATST).

O parlamentar atua com a associação desde a década de 80 na reivindicação de terras para as famílias do movimento. "Começamos a organizar as famílias para negociar seus terrenos", diz.

Zerbini entendeu que para aumentar seu apoio à causa da moradia precisava de algum reforço político. Candidatou-se e foi eleito vereador da cidade de São Paulo em 2000, e teve seu primeiro mandato como deputado estadual em 2006.

O parlamentar pretendia, com sua influência política, "lutar pela infraestrutura, rede de água, esgoto e luz nas áreas onde já tínhamos implantado o loteamento. E a luta por uma estação de trem, que estava em projeto há muito tempo" - referindo-se à Estação Vila Aurora, da Linha Rubi da CPTM.

Hoje em seu terceiro mandato, ressalta que a vida no Legislativo municipal "é mais dinâmica" comparada à vida de deputado. Para Zerbini, "o vereador lida com as coisas mais cotidianas da vida da pessoa. É uma relação mais direta com a comunidade e com os bairros".

Associação e movimentos sociais

"Tem duas coisas que a gente faz: a primeira é moradia popular, a segunda, educação", enfatiza o deputado sobre seu trabalho como coordenador da ATST. Ele afirma que existem cerca de 60 mil pessoas moradoras dos bairros da Associação e outras 40 mil que fazem faculdade com bolsas de 50%, em média.

"Fizemos várias parcerias com universidades privadas para conseguir desconto para jovens da periferia", destacando o projeto Educar para Vida, da Associação, que busca negociar as vagas remanescentes das faculdades e repassar para os associados.

Segundo o parlamentar, a maior parte das universidades parceiras está localizada na capital paulista e possui muitas vagas, mas uma baixa demanda. Para ele, as entidades funcionam de forma similar ao mercado de venda de terras. "Se têm pouca procura, você consegue negociar. Junta todo mundo, você consegue comprar mais barato."

Zerbini aponta que aprendeu a negociar com as universidades, uma vez que "é melhor para eles ter um aluno que pague menos do que estar com a vaga vazia. Porque eles precisam manter estrutura, têm que manter professor de qualquer forma", diz.

O sucesso desse programa, para o deputado, representa mais incentivo para as pessoas que não possuem condições de pagar o preço de mercado das faculdades. Zerbini ressalta que o jovem inscrito na ação deve participar de reuniões para acompanhamento das notas, além de discutir sua própria vida, tendo um apoio para que chegue ao final do curso.

Leis e propostas

Zerbini afirma que suas principais conquistas não foram apresentadas na forma de projeto. Mesmo assim, vale destacar a Lei 15.552/2014, da qual o deputado foi co-autor. A norma proíbe a revista íntima dos visitantes de presídios, substituindo-a pelo uso de scanners corporais e raios-x.

Para entender melhor as condições dos presidiários, o deputado visitou um centro de detenção provisória. "Apresentamos um projeto, depois outros deputados também apresentaram, e por fim fizemos a autoria conjunta", fala. Ele destaca que essa lei teve foco na "preocupação com a dignidade das pessoas".

CPI da Merenda

Zerbini presidiu em 2016 uma Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) polêmica, que investigou supostos desvios nos contratos de fornecimento de merenda escolar em alguns municípios.

O parlamentar destacou que só aceitou o pedido para presidir a CPI na condição de que não esconderia informações. A Comissão teve a duração de 150 dias; foram apresentados 214 requerimentos e realizadas 38 oitivas, computando mais de 72 horas de depoimentos.

Para ele, "o grande problema de merenda acontece nos municípios". O deputado aponta que o programa do governo federal, que era para incentivar a produção do pequeno produtor e das cooperativas, acabou facilitando que empresas como a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) "comprassem os sucos das grandes empresas e vendessem como se fosse dos pequenos produtores".

Sobre as investigações feitas, afirma que "houve a participação comprovada de dois funcionários da Alesp, e também um indício de tráfico de influência do chefe de gabinete da Casa Civil, e no mínimo imprudência de alguns funcionários da secretaria de Educação", disse.

Em relação ao suposto envolvimento do ex-presidente da Assembleia, deputado Fernando Capez (PSDB), Zerbini acredita que o nome do Capez foi utilizado pelo lobista Marcel Ferreira Julio para influenciar os compradores, e que o deputado não teve envolvimento com o esquema.

Futuro político

Marcos Zerbini pretende candidatar-se à reeleição em 2018. O deputado afirma que não quer sair de São Paulo, para continuar seus projetos de extensão do programa de habitação. "Não tem nada mais gratificante do que você visitar uma pessoa em sua casa", referindo-se aos membros da ação social.

Sobre o cenário político, Zerbini fala que ainda existem políticos de bem e que este é um momento ruim para a democracia. Ele aponta que seu trabalho não será muito impactado, já que realiza uma ação mais concentrada. "Eu tenho uma relação direta com grande parte dos meus eleitores", diz.

alesp