Entrevista com o deputado Roberto Massafera


14/06/2017 19:08 | Beatriz Correia - Foto: Vera Massaro

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Roberto Massafera<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203823.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Roberto Massafera<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203824.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Roberto Massafera<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg203825.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Aos 73 anos, o deputado Roberto Massafera, atual líder do PSDB na Assembleia, começou a fazer política ainda jovem a partir de movimentos universitários. A experiência como diretor e tesoureiro do centro acadêmico foi o primeiro passo para a atuação pública do parlamentar. Ele conta, nesta edição do Mandato em Pauta, sobre as funções e responsabilidades de um deputado estadual e afirma, citando o filósofo Aristóteles, que o dever de civilidade é de todos: "Todo homem é um ser social e sendo social está na vida pública".

Após formar-se em engenharia pela USP de São Carlos em 1968, Massafera dedicou-se à profissão até 1988 e só então voltou à vida política. No mesmo ano, candidatou-se à prefeitura de Araraquara e perdeu as eleições. Quatro anos depois, candidatou-se novamente e foi eleito prefeito da cidade da qual hoje é um dos representantes na Assembleia Legislativa. Além de formado em engenharia, o parlamentar é pós-graduado em planejamento urbano, tem especialização em administração pública e MBA em gerenciamento de empreendimentos.

Atividade parlamentar

Roberto Massafera foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 2006 e ocupa o cargo há quase 11 anos. O parlamentar comenta que do primeiro mandato para o terceiro, que exerce atualmente, não houve muitas mudanças na Casa. "A Assembleia Legislativa tem 94 deputados em um ritmo estrutural que vem se preservando. Para mim, esse ritmo é inadequado", afirma.

Massafera explica que as funções de um deputado são divididas em duas partes: a legislativa e a de base. A primeira é referente ao trabalho realizado na Assembleia, propondo leis, participando de comissões, frentes parlamentares e comissões parlamentares de inquéritos (CPIs). A segunda é o trabalho realizado nas regiões que cada deputado representa, como participação em eventos locais, inaugurações e atendimento às demandas da comunidade por meio dos prefeitos.

Ele comenta que há muita diferença entre as duas atividades. "Fazer leis e participar de CPIs não traz voto. É a atividade na base, com o povo que você representa e que te elege. Eu sou representante das cidades de Araraquara, São Carlos, Matão e da Região Central, e nós temos que buscar manter uma intensa atividade política", declara.

A principal função de um deputado estadual é propor, emendar ou alterar projetos de lei que representem os interesses da população. Além disso, os parlamentares são responsáveis por fiscalizar o trabalho do governador para garantir o bom funcionamento do Estado. Os deputados estaduais também julgam anualmente as contas prestadas pelo Executivo e participam da elaboração do orçamento. É função do Legislativo decidir o salário do governador, do vice e dos próprios deputados.

Crise política

Sobre a situação atual do Brasil, o deputado declara que a classe política está com uma imagem ruim diante da população. "Vereador, deputado estadual, deputado federal e ministros, todos estão com descrédito", afirma. Massafera conta que o país passa por um momento de transição. "O Brasil, via Petrobras, fundo de pensão e BNDES, sofreu um grande abalo nas finanças do ponto de vista político", afirma.

Com 14 milhões de desempregados e 6 milhões de jovens que nunca conseguiram um emprego com carteira assinada, o deputado garante que a nação brasileira passa por uma crise inédita, mas que tem solução. "Eu acho que o Michel Temer, como constitucionalista e com a sua experiência, reúne condições de terminar o mandato dele".

O deputado considera incerta a possibilidade de eleições diretas, como pede parte da população. "Não temos opções de líderes sem marca de fogo, sem algum problema", declara. Massafera defende a aprovação das reformas sugeridas pelo governo de Temer e também de uma reforma política e acredita que, assim, o presidente que assumir em 2019 encontrará um país mais organizado.

Educação

O parlamentar defende a educação pública e gratuita em todos os níveis e explica que a qualidade do ensino atualmente deixa a desejar. "O Brasil ainda é um país pobre, e só pela educação é possível você ter uma ascensão social", diz. Destaca ainda a progressão continuada como influenciador da baixa qualidade do ensino.

Além disso, conta sobre o processo de transferência do ensino técnico estadual para o Centro Paula Souza, seguindo um modelo alemão, pelo qual para entrar na ETEC o aluno passa por uma seleção. "Em 2000, as escolas técnicas estavam com níveis altos de qualidade e os alunos saíam preparados para disputar o vestibular", explica. Segundo Massafera, a credibilidade do Centro Paula Souza é bastante reconhecida. "Quem faz ETEC tem emprego garantido na conclusão do curso, e os que estudaram nas Fatecs também. Isso mostra que o caminho está certo, eu defendo esse modelo", diz.

Futuro político e sonho

Roberto Massafera afirma não desejar o cargo de deputado federal e critica a falta de critério para a escolha dos representantes. "Um deputado federal precisa da experiência de vereador e de deputado estadual antes. Não pode colocar alguém sem bagagem política porque é um peso para o país", disse. O deputado defende ainda que não exigir especializações de políticos é um erro democrático.

Como líder do PSDB na Casa, Massafera explica que o trabalho de quem ocupa esta posição é auxiliar individualmente os deputados sob sua representação: "Você cuida de vinte deputados e cada um tem problemas na sua região. O líder deve estar a serviço deles".

O deputado declara o que seu sonho é ver realizados os ideários da juventude, como educação boa, acesso e igualdade social. "O Brasil é um país muito desigual porque somos saqueados desde 1500", afirma. Há 129 anos a escravidão foi abolida no Brasil a partir da Lei Áurea e, mesmo com a liberdade, os escravos não receberam suporte da sociedade para estruturar uma vida social. "Temos uma dívida histórica social muito grande e enquanto ela não for paga esse país não será uma verdadeira nação. Se nós lutarmos muito hoje, vamos conseguir mudanças para quando nossos netos estiverem adultos", diz.

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