Entrevista com o deputado Márcio Camargo


28/06/2017 20:20 | Vinícius Moreira - Foto: Raphael Montanaro

Compartilhar:

Márcio Camargo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg204514.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Márcio Camargo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg204515.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Márcio Camargo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2017/fg204472.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Defensor da família e amante do futebol, o deputado Márcio Camargo (PSC), 49 anos, tem ampla experiência na vida pública. Aos 12, já acompanhava o tio, José Camargo, que foi deputado federal por 20 anos, mas entrou de fato na política quando participou do governo do seu irmão mais velho, Carlão Camargo, ex-prefeito de Cotia. Na ocasião o deputado foi secretário de Gabinete, subsecretário de Obras e Habitação e secretário do Meio Ambiente. Neste último cargo, conta ter tido uma enorme projeção. "Criei praças, ciclofaixas e academias ao ar livre", enumera. Camargo ainda declara inspirar-se nos ex-governadores Jânio Quadros e Orestes Quércia.

Morador de Cotia até hoje e torcedor do São Paulo Futebol Clube, o parlamentar diz que passou a paixão pelo futebol ao filho, que é fanático e gosta ainda mais que o pai de assistir aos jogos. "Sou são-paulino, mas prefiro jogar a assistir", conta.

Em 2014, candidatou-se pela primeira vez a um cargo público e foi eleito com mais de 69 mil votos, recebidos em sete cidades. Exercendo seu primeiro mandato como deputado estadual, Marcio Camargo afirma que nunca tinha sido prefeito, vereador ou sequer representante de bairro. "Tenho como compromisso do mandato visitar a cada quinze dias as cidades que me elegeram", fala.

No ano passado o deputado assumiu a vice-presidência do PSC (Partido Social Cristão) no Estado e atua mais efetivamente na região do Vale do Paraíba e Vale do Ribeira.

Mandato

O deputado Márcio Camargo declara ter muita alegria em exercer o cargo de deputado, apesar da crise política enfrentada pelo país. "Eu tenho o maior prazer em ser parlamentar, é um orgulho representar um monte de gente." Camargo é católico, mas tem boa relação com os deputados evangélicos e de outras religiões. "O meu mandato é conduzido de forma tradicional, não foco em determinado segmento ou grupo social."

O deputado nasceu e cresceu próximo à rodovia Raposo Tavares e, por isso, teve a iniciativa de criar uma frente parlamentar em sua defesa. "Quero ouvir a população e as autoridades para melhorar a rodovia, que tem 654 quilômetros de extensão. Foi uma das minhas promessas de campanha."

Membro efetivo de seis comissões, Camargo é vice-presidente da Comissão de Administração Pública e Relações do Trabalho. Também atuou na CPI da Obesidade Infantil, à qual dedicou especial atenção. "Participei ativamente desta comissão. Hoje a obesidade é uma pandemia e o Estado tem deixado de cumprir o seu papel", afirma.

Diabético, ele diz que, por causa da doença, teve de mudar radicalmente os hábitos alimentares. Devido à experiência, decidiu apresentar um projeto voltado aos funcionários da Assembleia. "É uma proposta semelhante ao fez o programa "Medida Certa", da Globo", diz. "A ideia é que, durante 100 dias, a Alesp promova palestras com médicos no Parque do Ibirapuera para alertar os funcionários sobre a importância de manter hábitos saudáveis". O projeto está sendo estudado pela presidência da Assembleia.

Atuação parlamentar

Entusiasta das ciclovias, Márcio Camargo apoia o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte nas cidades, mas avalia que esse estímulo deve ser feito com o devido planejamento. "Sou totalmente favorável à implantação das ciclovias, mas faltou critério na organização dos locais destinados à circulação de bicicletas. Para incentivar o uso é necessário que o percurso seja seguro", afirma.

O PL 251/2017, projeto de autoria do deputado atualmente em análise na Comissão de Transportes e Comunicações, busca obrigar as empresas paulistas de transporte intermunicipal de passageiros a destinar espaço para o acondicionamento de bicicletas em ônibus. "Esta lei já existe nos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul", diz. "[Facilitar o transporte de bicicletas entre os municípios] será importante para fomentar o turismo no Estado."

Outro ponto defendido por ele é o do acesso da bicicleta no Metrô, reivindicação trazida a ele por grupos de ativistas. Hoje só é possível entrar com a bicicleta nas estações aos domingos e feriados, sendo o horário restrito nos outros dias da semana. "A intenção é que o acesso seja permitido em todos os horários, principalmente para as bicicletas dobráveis. Em outras cidades do mundo isso é realidade", conta.

Mais uma preocupação do deputado é a cobrança de pedágio em muitas regiões do Estado. "Ela é realizada em distâncias muito curtas o que prejudica profissionais que precisam viajar entre municípios para trabalhar", diz. O Projeto de Lei 775/2016 prevê a isenção de pedágio em determinado horário para professores, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas e médicos da rede pública. "Neste momento de crise, em que não há a possibilidade de aumento do salário, podemos lutar pela redução de gastos", afirma.

Reformas

O deputado Márcio Camargo defende com ressalvas as reformas propostas pelo governo federal. "As reformas trabalhista, previdenciária e política são importantíssimas e urgentes, mas devem ser analisadas friamente. Independentemente do governo, do governante ou do partido, estamos falando do futuro do Brasil."

Ele acredita que o processo eleitoral, como funciona hoje, é ambiente propício ao surgimento de corrupção. "O custo das campanhas é muito alto", diz. "A reforma política igualaria a disputa e o eleitor votaria no parlamentar, independentemente da estrutura de campanha ou do partido."

Camargo, que já foi empresário, diz que há várias empresas deixando o país por conta do "peso" das leis trabalhistas. "Conheço pessoas que estão deixando o país para montar empresas no Paraguai, justamente por conta da legislação e da alta carga tributária do país."

Futuro político

O partido do deputado, o PSC, declara-se independente. "Não é da base aliada ou da oposição. Não tenho nada contra o governador Geraldo Alckmin, que, aliás, tem ótima avaliação, mas temos alguns descontentamentos", diz.

A reeleição está no horizonte do deputado. "Reeleger-se é a aprovação do seu mandato. Eu acredito que ainda há muito a ser feito. Se você fez um mandato muito bom, a população vota em você", diz.

alesp