A Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Assembleia Legislativa prosseguiu com o ciclo de audiências públicas em todo o Estado nesta segunda-feira (21/8). Desta vez, moradores e deputados reuniram-se para discutir o Orçamento de 2018 para a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, na Câmara Municipal de São José dos Campos. A audiência, presidida pelo deputado Davi Zaia (PPS), contou com a presença dos deputados Enio Tatto (PT) e Afonso Lobato (PV), além dos vereadores Dulce Rita (PSDB) e Robertinho da Padaria (PPS), que compuseram a mesa. Membros de entidades e representantes dos 39 municípios aglomerados também participaram da reunião. De acordo com o deputado Afonso Lobato, a participação social torna-se cada vez menor porque a população não vê suas demandas e necessidades contempladas. "Há discussões importantes que não chegam como prioridade até nós, na hora da votação do orçamento. A região precisa ter um fundo próprio, para que ela mesma possa gerir isso", disse. Segundo Tatto, há erros na elaboração do orçamento. "No ano passado a previsão para essa região era de R$ 100 milhões. Foram investidos R$ 25 milhões", disse. Ele acredita que, para trabalhar de forma efetiva nas regiões, é preciso que o orçamento seja regionalizado. "Trabalhar em cima de dados percentuais facilita o atendimento às prioridades levantadas", destacou. O presidente da audiência, Davi Zaia, disse que a educação é uma questão importante, assim como saúde e segurança. "A comunidade e os prefeitos estão afinados com isso, o que mostra sincronismo entre sociedade e poder político", disse. "Colocar essas questões no orçamento é garantir que a região seja atendida em suas prioridades", concluiu. Educação A precarização da educação e o reajuste salarial para os professores foram os principais assuntos da audiência, liderada pela presença de representantes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de diversas cidades. A professora Vânia Silva é membro da Apeoesp em Mogi das Cruzes e participou de uma greve dos professores de 92 dias em 2015, protestando contra a falta de merenda e produtos nas escolas. O secretário da Apeoesp, Jorge Leonardo Paz, cobrou reajuste salarial para os professores. "Já são três anos sem mudanças. A diferença de salário em relação a um professor universitário é muito grande", disse. A situação das Fatecs foi lembrada pelo estudante Lucas Pereira: ao mesmo tempo em que o corte de bolsas permanência aumenta, diminui a distribuição do passe escolar. O bom funcionamento da escola de tempo integral, em Taubaté, foi lembrado pelo professor e vereador Calasans Camargo (PRP), reivindicando que mais cidades precisam dessa iniciativa. Saúde A situação precária do Hospital do Servidor, o Iamspe, foi o principal questionamento da audiência. "Não é uma escolha entre pagar ou não o convênio do Iamspe, ele é cobrado", disse o deputado Afonso Lobato. Outra pauta foi a respeito do Hospital Regional de São José dos Campos, que está para ser inaugurado em março do próximo ano. A estrutura atenderá outros 39 municípios do Vale do Paraíba e Litoral Norte. "Esse é o desafio para redesenhar a saúde da região: identificar quem e o que estão atendendo para remanejar os recursos, que já são escassos", disse Lobato, vendo essa como uma ótima oportunidade para verificar quais são os equipamentos dos outros hospitais. O Hospital da Mulher também foi um assunto abordado pela vereadora de São José dos Campos Amélia Naomi (PT). Segurança pública Segundo o major Flávio Jipires, o número de efetivos diminui cada vez mais na Polícia Militar. "Estamos em uma região muito violenta, e há batalhões com apenas duas viaturas para atender a cidades que fazem divisa com o Rio de Janeiro e Minas Gerais, fronteiras do tráfico", disse. Além disso, o vereador Calasans Camargo lembrou que, mesmo com o crescimento populacional evidente, não há aumento de policiais na região. A comunicação foi outro ponto abordado. "É preciso digitalizar a rede de rádio, que vive com interferências, dificultando a comunicação entre os policiais", destacou o major. "Algumas cidades possuem apenas uma viatura. Quando ela vai atender alguma urgência em um lugar distante, por exemplo, a cidade fica sem policiamento", disse o deputado Enio Tatto. Outras prioridades A construção de pontes em algumas avenidas de São José dos Campos foi citada pelo vereador Robertinho da Padaria. A cidadã Rose Caspar, disse que há 8 anos discute sobre a construção da Casa do Abrigo nas audiências públicas do orçamento. Outra questão levantada por ela foi a construção de mais um Corpo de Bombeiros, pois a população necessária para uma segunda unidade na região já foi atingida. As prioridades indicadas pelos presentes em votação foram educação (com 28% dos votos), saúde (20%) e segurança pública (15%). A próxima Audiência Pública do Orçamento está marcada para o dia 25/8 (sexta-feira), às 10h, na Câmara Municipal de Franco da Rocha. Outras 20 audiências ainda serão realizadas em cidades que representam as regiões administrativas do Estado.