Em alusão à Semana da Consciência Negra, o Auditório Teotônio Vilela foi sede do seminário "Culto Ancestral e Valorização do Negro", que discutiu questões de autoafirmação do negro e intolerância religiosa. O encontro aconteceu na última quinta-feira (23/11) e foi ministrado pelos babalalôs Eduardo Ifasegun e chefe Awodiran Ayinde Agboola. Segundo Ifasegun, a partir do momento que o indivíduo se autoafirma, sua personalidade é fortalecida, mas no Brasil isso está em descompasso. "Existe um plano vigente para desestabilizar o negro no nosso país. Trabalho há 22 anos em escolas municipais e até hoje é difícil um jovem nessas condições se autoafirmar. Há muito preconceito", disse. Autoafirmação é um termo usado por eles que se traduz por não ter medo de assumir publicamente a religião que segue. Seria um método eficaz para barrar o preconceito e difundir informações. A religiosa Yianifádun, que veio de uma família evangélica, diz sofrer preconceitos desde que entrou para o candomblé. "Eles não entendem ou sequer conhecem a religião até hoje, então preferem se afastar", disse. Yianifádun começou com a umbanda e migrou para o candomblé por uma questão de "evolução". Posteriormente, passou a integrar o ifá, um sistema de divinação que tem suas origens na cultura africana yorubá. O nigeriano Awodiran Ayinde Agboola chegou ao Brasil recentemente e desde então acompanha as notícias de ataques em terras brasileiras. "É preocupante. Eu fazia postagens nas redes sociais pedindo para que o governo tomasse medidas a fim de unificar a população. Somos todos iguais, independentemente da nossa religião", disse.