Membros de conselhos, sindicatos e associações de segurança, policiais e sociedade civil estiveram reunidos em audiência pública para discutir problemas envolvendo a segurança no Estado de São Paulo. A redução no roubo e furto de celulares foi o principal tema discutido no encontro realizado na última sexta-feira (1º/12), no Auditório Teotônio Vilela. Segundo os registros de boletim de ocorrência da Secretaria de Segurança Pública (SSP), foram mapeados 81.643 roubos de aparelhos durante o dia e 126.266 durante a noite na capital paulista, entre 2016 e 2017. A audiência foi proposta pelo deputado Fernando Capez (PSDB). "Acredito que o principal objetivo dessa audiência é o combate inteligente à receptação. Se fizermos isso, não haverá assaltantes", disse. Capez associou o problema à venda de seguros pelas operadoras de telefonia. "Com o aumento dos roubos e furtos, elas estão ganhando duas vezes mais com a venda de seguros. É preciso que o governo federal entre em contato com a Anatel para pressionar a adoção de outro tipo de bloqueio imediato", declarou. O atual modelo de bloqueio é feito pelo Imei (Identidade Internacional de Equipamentos Móveis, na sigla em inglês), número de identidade do aparelho celular. Geralmente ele é encontrado na caixa do aparelho, mas é possível acessá-lo a qualquer momento ao digitar *#06# no teclado, pressionando o botão para fazer a ligação. Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Conseg) da região da Bela Vista, Liberdade e República de São Paulo, Luciano de Farias, o problema é endêmico. Ele sugere como alternativa a criação de um projeto de lei federal. "Se houvesse uma proposta que permitisse a vinculação do número do Imei com o número do celular, o bloqueio seria mais ágil e efetivo. Porém, sua aplicação deve ser feita em nível nacional, pois os ladrões realizam o furto dentro do Estado de São Paulo, mas vendem o aparelho fora", explicou. Boletins de ocorrência A demora no atendimento para a realização dos boletins de ocorrência foi alvo de uma grande demanda durante a audiência pública. O presidente do Sindicato e Associação das Panificadoras de São Paulo, Antero Pereira, é dono de padaria e, ao longo dos 25 anos de profissão, foi vítima de assalto por 58 vezes. "A padaria é o primeiro estabelecimento a abrir e o último a fechar. Mas hoje em dia não são mais os seus donos que fazem isso, porque quando os ladrões encontram algum deles o assalto torna-se mais violento", disse. Ele afirmou não ter registrado em boletim de ocorrência nenhuma das situações. O presidente da comissão de Estudos de Assuntos de Interesse dos Policiais Militares do Estado de São Paulo, Paulo Roberto Torres, destacou a importância dos boletins para que sejam geradas estatísticas regionalizadas. "Infelizmente a demora nos atendimentos faz com que os números fiquem defasados", afirmou. Segundo o presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado, João Batista Rebouças, essa defasagem no serviço policial dá-se pela falta de profissionais efetivos. "Atualmente o desvio de função é o que mais ocorre nas delegacia. Escrivães e investigadores são tirados das suas atividades para realizar boletins de ocorrência, sendo que não foram preparados para isso. A defasagem vem desde o concurso de 2013, quando as vagas dos concursados não foram preenchidas, sendo que houve uma queda de 14 mil funcionários desde aquele ano", declarou. O deputado Fernando Capez disse que serão realizadas novas audiências públicas sobre a segurança pública no Estado de São Paulo e que proporá a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a venda de seguros de celulares pelas operadoras de telefonia.