Opinião - 53% das crianças brasileiras vivem na miséria!


28/12/2017 16:32 | Welson Gasparini*

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É um dado, a princípio, assustador: 53% das crianças brasileiras sobrevivem em plena miséria. Estudo recente, da Fundação Abrinq, constatou: 40% das crianças brasileiras estão em situação de pobreza. Consideram-se pobres, nessa avaliação, todas as famílias que ganham menos de meio salário mínimo por mês. Então, se a família ganhar mais de meio salário mínimo, já não é pobre. Assim, uma família que recebe 500 reais não é pobre. Já segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17 milhões de jovens estão em situação de pobreza. Somando-se, portanto, os pobres e os de extrema pobreza, a conclusão é óbvia: 53% das crianças, no Brasil, vivem (sou sobrevivem) em plena miséria.

O IBGE é um instituto oficial digno, até prova em contrário, de total credibilidade. Daí vem a minha indagação: quem está se mexendo para mudar essa realidade no Brasil? É triste falar, mas quando a população se revolta contra a classe dirigente, contra a classe política, ela tem razão! Quem atenta para essa situação gravíssima representada por um país com 53% de crianças sobrevivendo na miséria?

A minha cidade, Ribeirão Preto, uma das mais ricas do Estado de São Paulo, tem hoje 90 favelas! Nem é bom falar quantas favelas tem a cidade de São Paulo.

E esse pessoal favelado, bem como mais da metade dos brasileiros, não tem rede de esgoto nas suas casas, não tem privada, não tem água tratada! Agora, vamos ver como está a situação em Brasília: será que lá tem gente preocupada com isso ou houve uma acomodação?

No ano que vem, conforme prevê o calendário, haverá eleições. E eu me indagava, com os meus botões: quais serão, mais uma vez, os mais votados? Não tive dúvida em me responder: "voto em branco, voto anulado e, sobretudo, eleitor que não vai votar por não acreditar em ou não estar preparado para as eleições".

Para o povo se preparar, votar conscientemente, ele precisa de líderes. E onde estão os líderes? Quem quer participar da política? Hoje a política é considerada coisa suja. O papa Francisco, falando sobre política, foi muito objetivo ao ser indagado por que havia tanta corrupção e violência no Brasil e o que seria possível fazer para mudar tudo isso: "ingressem na política porque a política, quando feita com honestidade, com capacidade, é a maior prova de amor ao próximo".

Reiterei, em pronunciamento recente na Alesp, um apelo aos eleitores brasileiros para procurarem, ao destinarem seu voto, candidatos dotados de quatro qualidades básicas: honestidade, capacidade, idealismo e coragem. Não basta, portanto, ser honesto e não ser capaz ou ser idealista e não ter coragem para enfrentar os desafios inerentes ao cargo disputado. São qualidades, enfim, essenciais e capazes de contribuir para mudar esse triste quadro representado, lamentavelmente, por 53% das nossas crianças vivendo em condições sub-humanas.

(*) Welson Gasparini é deputado pelo PSDB e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp