Opinião - Não existe futuro sem sustentabilidade


01/03/2018 11:48 | Hélio Nishimoto

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Sustentabilidade é uma palavra cada vez mais constante no nosso cotidiano. O setor público e o privado enfatizam, diariamente, todas as suas diretrizes voltadas para a manutenção do ambiente saudável. Mas sabemos que, na prática, o pensamento e o crescimento sustentável ainda engatinham. Isso fica claro quando nos deparamos com surtos de doenças como o da febre amarela, que estamos enfrentando.

A epidemia teve início em dezembro de 2016 em Minas Gerais e espalhou-se por vários Estados. Em janeiro de 2017, a bióloga e pesquisadora da FioCruz Márcia Chame atrelou o surto da doença à tragédia ocorrida na cidade de Mariana, em Minas Gerais, no ano de 2015. Ela aponta que as cidades mineiras que identificaram os primeiros casos da doença estão na região próxima do rio Doce, justamente a área afetada pelo rompimento da barragem de Fundão. No entanto, ainda não existem estudos que confirmam essa hipótese.

Coincidência ou não, é de conhecimento dos pesquisadores que mudanças bruscas no ambiente têm impacto na saúde dos animais, incluindo macacos. A falta de alimentos, a modificação do habitat natural causada pelos desmatamentos e o estresse de desastres fazem com que eles tornem-se mais suscetíveis a doenças, incluindo a febre amarela. Além disso, sistemas ecológicos empobrecidos tendem a favorecer o aumento da população de mosquitos. Por fim, a degradação ambiental aproxima os animais dos homens, aumentando as chances de disseminação de doenças silvestres em áreas urbanas.

Em pleno século 21, e no período de apenas 5 anos, enfrentamos epidemias de h1n1, dengue, chikungunya, zica e febre amarela. Claramente isso não é efeito de apenas um desastre. Mas, com toda certeza, é efeito de uma cadeia que envolve saneamento básico e esgotamento sanitário inadequados, bem como degradação ambiental em larga escala (desmatamento, mineração, poluição do ar e das águas, desastres causados pelo homem etc).

Como podemos constatar, a relação homem-natureza é, inevitavelmente, de causa e efeito. Os ecossistemas são todos interligados. É preciso entender que a degradação ambiental em qualquer parte do planeta surte efeitos negativos em todo o meio ambiente, causando mudanças climáticas, desastres naturais, escassez de alimentos e epidemias. Para reverter esse quadro, é preciso caminhar na contramão com urgência, combatendo a degradação com ações sustentáveis, para que também os efeitos positivos gerados por elas sejam sentidos em todo o planeta.

O crescimento sustentável não é apenas a melhor, mas a única maneira de diminuir os impactos da intervenção humana na natureza. A sustentabilidade precisa sair da condição de palavra e passar para a condição de atitude. Precisa sair da condição de vontade e passar para a condição de necessidade. Não temos mais opção, não existe futuro sem sustentabilidade.

Hélio Nishimoto é deputado pelo PSDB

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