Os desafios da nefrologia - área da medicina que estuda as doenças dos rins - foram discutidos em palestra nesta quarta-feira (21/3), no plenário José Bonifácio. O evento foi promovido pelo segundo secretário da Casa, deputado Estevam Galvão (DEM). "É só mais uma área da saúde que está carente no Brasil, hoje são mais ou menos 130 mil pessoas com problemas renais", afirmou. A nefrologia é uma área da medicina dedicada ao tratamento das doenças do sistema urinário, principalmente relacionada aos rins. Normalmente essas doenças são tratadas por diálise ou hemodiálise, procedimentos que auxiliam o rim artificialmente na filtragem do sangue. O médico José Osmar Medina Pestana alertou os presentes sobre a necessidade de mais investimentos na área. Para ele, o atendimento a esses pacientes no Brasil vem sendo reduzido. "A demanda dos últimos anos vem sendo maior, pois a expectativa de vida no Brasil está crescendo. A diálise, por exemplo, é um método que precisa de mais postos, pois cada vez mais a procura pelo tratamento aumenta", disse. Medina lembrou que há cerca de 450 pacientes internados em hospitais no Estado e que permanecem lá por até cinco meses. "Simplesmente porque se saírem não terão garantido o tratamento de diálise. O Brasil é bem estruturado, mas sofre com a falta de novos postos de tratamento", disse. Elis da Silva, de 51 anos, descobriu a doença há 21 anos e passou por um transplante de rim em 1995, mas há quatro anos voltou para o tratamento de diálise. "É um tratamento cruel que nos deixa debilitados e fracos. Não temos muita saída e devemos agradecer a existência desse tratamento, atualmente a forma mais viável para conseguirmos uma qualidade de vida", disse. José Osmar Medina Pestana falou, ainda, sobre o reajuste da tabela SUS, para ele uma das principais causas da falta de investimentos na área. "Estamos há mais de 20 anos sem correção da tabela no atendimento ambulatorial e seis anos sem correção na tabela de transplantes. Nenhuma clínica agüenta cobrir a defasagem, manter a qualidade do atendimento e as portas abertas sem dívidas", lamentou. Emilia Suyama Monteiro, de 47 anos, realizou o tratamento de hemodiálise no Japão durante seis anos e atualmente trata do problema aqui no Brasil. Para ela, falta orientação sobre o tratamento da doença. "Muitos não tem conhecimento dos exames necessários para se descobrir a doença renal crônica e não há uma estrutura para mostrar o que a população deve fazer nestes casos." Estevam Galvão falou do trabalho que realiza pela nefrologia e das cobranças feitas ao Ministério da Saúde. "Nossa parceria com a nefrologia existe há décadas, desde a construção do posto de hemodiálise em Suzano e posteriormente em Mogi das Cruzes. Realizamos todos os anos eventos alusivos ao Dia Mundial do Rim, exatamente com o intuito de chamar a atenção das autoridades públicas, dos nossos governantes para este problema crônico que afeta mais de 130 mil pacientes no Estado de São Paulo". Campanha da Saúde Em alusão à Semana de Prevenção da Saúde, o Departamento de Saúde da Alesp oferece até amanhã a realização de exames gratuitos de hepatite C, creatinina, colesterol e aferição de pressão arterial. O serviço é aberto à população e está ocorrendo no Andar Monumental entre o hoje e amanhã (22/03), das 12h às 16h.