De forma unânime, os deputados aprovaram na última quarta-feira (4/4) o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as pesquisas sobre a fosfoetanolamina sintética, popularmente conhecida como a pílula anticâncer. A leitura do documento ocorreu no Auditório Teotônio Vilela, pelo relator deputado Ricardo Madalena. "Foi um relatório muito bem elaborado. Agora será encaminhado aos órgãos de controle do Judiciário, ao Ministério Público Estadual e ao Federal, para que continuem as apurações e tomem as medidas responsáveis sobre as falhas que ocorreram na pesquisa", declarou. O parlamentar citou as principais desconformidades identificadas no protocolo da pesquisa, elaborado pelo Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) e aprovado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo ele, houve erro em 80% dos grupos pesquisados, que não completaram o total de 21 pacientes participantes, conforme determinado no protocolo. "Apenas um grupo de câncer tinha 21 pacientes. Havia grupos que contavam com apenas um participante, o que é um absurdo", declarou. A não participação efetiva do idealizador da pesquisa, o ex-professor da Universidade de São Paulo (USP) campus São Carlos Gilberto Chierice, também foi destacada por Madalena. O presidente da comissão, deputado Roberto Massafera, disse que o próximo passo é levar o relatório ao governador, para que as pesquisas sejam retomadas. "Ficou claro que o estudo deve continuar. O protocolo aprovado não foi seguido à risca, apresentando diversas falhas. Precisamos dar conhecimento disso para as demais autoridades", declarou. O vice-presidente, deputado Rafael Silva, foi o proponente da CPI. "Essa comissão buscou informações com seriedade, por meio do trabalho de deputados independentes. Sem dúvida ela desempenhou as suas obrigações", declarou. O relatório final também recebeu o parecer favorável dos deputados Celso Nascimento, Ed Thomas, Márcio Camargo e Wellington Moura. Cerca de 40 pessoas foram ouvidas pela CPI, dentre auditores da pesquisa, médicos oncologistas, professores, representantes da secretaria da Saúde e outros. A comissão foi instalada em outubro do ano passado, com o propósito de investigar a utilização do dinheiro público investido na pesquisa clínica, que havia sido suspensa pelo Icesp no mês de março.