Opinião - O jejum de Dallagnol
Diante do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do pedido de habeas corpus (HC) preventivo impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, muitas foram as formas de pressão que exercidas para que a Suprema Corte decidisse de forma contrária à preservação da liberdade de Lula.
A mais absurda de todas, e digo isso especialmente na condição de evangélico, veio do procurador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que afirmou em sua rede social, no domingo de páscoa (1º/4), que estaria "em jejum, oração e torcendo pelo país". Uma declaração vexatória e totalmente inapropriada, que feriu claramente os princípios do código de ética da magistratura quando visou a criar uma comoção moral com a clara intenção de manipular a opinião pública, forçando uma decisão que atinjisse Lula.
É lamentável que em nosso país membros do Judiciário sejam alçados ao status de celebridade, em um peculiar circo de horrores em que seus desafetos são achincalhados por meio de toda sorte de ilegalidades. Falo em desafeto porque não vejo a mesma "fervorosidade" de Dallagnol contra outros personagens da política nacional. Não houve jejum contra o PSDB ou contra o PMDB nos diversos casos de escândalos, comprovados e esquecidos. Não houve jejum contra Geddel Vieira Lima, ex-ministro, dono de R$ 51 milhões (13 milhões de euros) em espécie, encontrados pela polícia em um apartamento em Salvador.
Mas surpreende-me um evangélico, que conhece a palavra de Deus, utilizar-se desse expediente contra alguém que tanto fez pelos mais humildes deste país, justamente cumprindo aquilo que está expresso em Mateus 25:35 - "Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber".
A bíblia também fala de um tempo em que os judeus hipócritas jejuavam, simulando justiça, e até mesmo pedindo os justos julgamentos de Jeová, enquanto dedicavam-se a prazeres egoístas e interesses comerciais. Envolviam-se em lutas, opressão e violência. Em uma tentativa de encobrir seu comportamento, praticavam um lamento exibicionista - curvando as cabeças como juncos, sentados em serapilheira e cinzas -, aparentemente arrependidos de seus pecados. Assim, Jesus expôs corajosamente esses hipócritas religiosos, dizendo-lhes que sua adoração era fútil (Mateus 15:7-9).
Como os judeus dos dias de Jesus agiram hipocritamente, muitos o fazem hoje. Certamente a atitude de Dallagnol foi uma forma de ativismo político, totalmente incompatível com sua função de procurador da República.
Em tempo, o mérito do julgamento do HC do ex-presidente Lula, que teve relação direta com a possibilidade de um réu responder em liberdade até que fossem esgotadas todas as possibilidades de recursos, foi justo e legal. Em contrapartida, a religião cristã não reconhece o jejum como forma de pressão ou chantagem, muito menos quando tem motivação política e caráter militante.
Luiz Fernando Teixeira é deputado pelo PT e primeiro secretário da Alesp
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