Um debate sobre a representatividade da população negra na política foi realizado na quinta-feira (18/5), no plenário Tiradentes da Alesp. O encontro, que recebeu o apoio da deputada Leci Brandão (PCdoB), teve como base uma pesquisa feita por membros do Painel BAP, o primeiro painel afrobrasileiro de consumidores, mostrando que 54% das pessoas consideram-se pretas e pardas - proporção que não se verifica em relação aos cargos eletivos. O professor de jornalismo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) de Bauru, Juarez Xavier, apontou quais são as causas da falta de representatividade negra no âmbito político. "Isso ocorre em função da condição política, econômica e social do negro. Está acontecendo algo que chamamos de capital político. Até 1988, ocorria uma concentração de votos em um determinado perfil: homem, branco, das regiões urbanas. Depois de 1988 isso mudou um pouco, e nós temos acompanhado essa mudança. Nesses últimos 40 anos, passou-se a ter um grupo maior de pessoas discutindo, debatendo, participando." Uma das autoras da pesquisa, a socióloga Mariana Antoniazzi, falou de como surgiu a ideia de fazer o estudo com pessoas negras da capital paulista. "Como não havia o recorte racial voltado para a política, eu e a idealizadora do painel BAP, Luana Teófilo, o fizemos em novembro de 2017. Só falamos com negros e afrodescendentes." Segunda parlamentar negra da Assembleia Legislativa, Leci Brandão discorreu sobre a importância do debate. "É uma discussão fundamental, já que estamos passando por um retrocesso no país. No Congresso Nacional existem bancadas que não respeitam a cidadania, e com isso estamos perdendo direitos", disse. A agência de jornalismo especializada na temática racial Alma Preta transmitiu o debate na rede em tempo real. A diretora nacional da União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro), Renata Rosa, mediou as discussões do evento.