Dezenas de vítimas de falsas cooperativas habitacionais reuniram-se na sexta-feira (8/6), no Auditório Franco Montoro da Alesp, para pedir a instalação de uma CPI. Eles querem uma atuação mais forte do poder público na repressão desses casos. Segundo o advogado Marcos Nascimento, que dirigiu a audiência pública ao lado do deputado Carlos Giannazi (PSOL), tramitam na Justiça de São Paulo ao menos 20 mil processos movidos por famílias que pagaram por apartamentos que foram vendidos a mais de uma pessoa ou que nem mesmo chegaram a ser construídos. Ele explicou que no Estado de São Paulo existem cerca de 800 cooperativas habitacionais, isto é, associações de ao menos 20 pessoas interessadas em adquirir um imóvel a preço mais baixo. O investimento viria de uma poupança conjunta e não haveria uma incorporadora lucrando na alienação dos imóveis. "Dessas, ao menos 150 são inidôneas, pois agem como se fossem incorporadoras, lucrando de forma ilegal por meio do desvio de recursos. Além disso, essas empresas dissimuladas não pagam impostos, já que as cooperativas, por não terem fins lucrativos, contam com isenção tributária, afirmou o advogado. Para Marcos Nascimento, em muitos casos o prejuízo dos cooperados é total. Em outros, como o do condomínio Varandas de Interlagos, os cooperados ocuparam seus imóveis antes de a obra ser concluída para garantir a posse. Até hoje eles não têm escritura definitiva. Segundo Giannazi, há dificuldades impostas pela base do governo para a instalação de CPIs. "Como o Regimento Interno prevê apenas cinco comissões simultâneas, há uma fila de CPIs cosméticas, que servem para impedir a efetiva fiscalização do governo. Para que haja um sexto órgão de inquérito, o grupo precisa sensibilizar o maior número possível de parlamentares, já que a proposta deve ser aprovada em plenário por maioria absoluta, ou seja, 48 votos", explicou.