Desde 2017, prefeitura de São Bernardo do Campo vem realizando diversos cortes na área cultural, com o fechamento ou sucateamento de dispositivos como o Centro de Audiovisual (CAV), o Centro Livre de Artes Cênicas (Clac) e a Coordenadoria de Ações para a Juventude (Cajuv). Para elaborar um plano de resistência a esse desmonte, artistas, agentes culturais, professores e estudantes se reuniram em audiência pública na Alesp, em 22/6. Entre as atividades que deixaram de receber recursos está o desfile de Carnaval. O representante das escolas de samba Sérgio Galvão relatou o prefeito Orlando Morando não vai ceder nem mesmo espaço para o Carnaval 2019, que será realizado em área privada. "O carnaval é um ato de resistência e de luta de um povo pobre, negro e sofredor", afirmou. Rosângela Marques, do Fórum de Combate ao Racismo, também acredita que os cortes de Morando têm caráter "higienista". Ela citou o fechamento da Casa do Hip Hop e a proibição da Batalha da Matrix, duelos de MCs que eram realizados todas as terças-feiras, na Praça da Matriz. "Mas a verba da Orquestra Filarmônica é repassada normalmente", comparou. Conforme explicaram vários ativistas, até mesmo as manifestações em defesa da cultura vêm sendo reprimidas, tanto por truculência policial como por medidas judiciais. A artista plástica Lourdes Sakotami, que ajudou a pagar a instalação de outdoors contra o abandono da Pinacoteca, afirmou que os cartazes ficaram expostos por menos de 12 horas. A própria empresa de comunicação os retirou, cedendo a ameaças do prefeito. Carlos Giannazi lembrou que o prefeito tucano proibiu até mesmo o show que Caetano Veloso faria em apoio à ocupação do MTST no bairro Planalto. O deputado vai acompanhar o movimento em audiências no Ministério Público e no Tribunal de Contas para a apresentação de um dossiê sobre o caso.