Vítimas de violência doméstica trazem seus relatos à Assembleia Legislativa









O companheiro de Talita Oliveira não aceitou o fim do relacionamento. Duas semanas depois da separação, arrancou o nariz e orelha de Talita com a boca. Depois de diversas cirurgias para reconstruir seu rosto, Talita quer ser ouvida por mulheres para que sua história não se repita. Na manhã desta quinta-feira (5/12), ela esteve na primeira reunião da Frente Parlamentar em Combate à Violência Contra a Mulher, ao Feminicídio e aos Relacionamentos Abusivos, na Assembleia Legislativa. "Estou aqui hoje, represento a classe baixa, mulheres negras, pobres que sofrem violência doméstica. Estou aqui para que as pessoas vejam, denunciem, gritem. As pessoas precisam saber do que essa violência é capaz. Foi uma tentativa de feminicídio. Não conseguiu, então me mutilou com a boca. As mulheres precisam ouvir essa história. Elas precisam saber que um empurrão pode virar uma tentativa de feminicídio".
Embora mais frequente nas classes de baixa renda, a violência contra a mulher ocorre em todas as classes sociais. Isadora Fernandes era gerente de banco quando foi agredida pelo marido. Ela recebia flores de hora em hora no seu trabalho. Considerava que era um gesto de carinho. E, de hora em hora, Isadora telefonava para agradecer pelas flores. Quando não recebia as ligações, o marido ficava bravo. "Hoje entendo que era uma manipulação. Receber flores de hora em hora passa de um carinho a um controle. E toda forma de controle não é amor. É agressão". Das flores aos tapas foi um caminho curto. "Isso está mais perto do que a gente pensa. Acontece com todo mundo. Não deixe chegar nisso", alertou Isadora.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019 mostram que o feminicídio aumentou 4% no último ano. Das vítimas, 70% tinham no máximo o ensino fundamental. A imensa maioria (88%) dos casos foram cometidos por companheiro ou ex-companheiro das vítimas. Os números mostram ainda que a cada dois minutos uma mulher é vítima de violência doméstica no país.
Acolhimento
A frente parlamentar é coordenada pelo deputado Marcio Nakashima (PDT). O parlamentar é ativista na área desde que teve uma irmã brutalmente assassinada, em 2010. "Queremos debater para poder criar mecanismos públicos de combate à violência contra a mulher", afirmou. "Muitas mulheres continuam num relacionamento abusivo porque não têm para onde ir. Uma das ferramentas de combate ao feminicídio é o acolhimento às famílias. Esperamos criar mecanismos para acabar com o feminicídio no Estado de São Paulo".
A reunião ocorreu durante o período chamado 16 dias de ativismo. Instituído pela ONU, é uma campanha internacional que começa no dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, e vai até o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Alessandra Campélo, deputada estadual do Amazonas, comentou sobre o programa da ONU. "Mais de 190 países estão fazendo debates, atividades tratando de políticas públicas e soluções a respeito da violência contra a mulher". A deputada ressaltou ações em defesa das mulheres: "Muitas assembleias proíbem que o Estado contrate pessoas condenadas pela Lei Maria da Penha. Divulgar, debater, educar os jovens é fundamental para criar uma cultura de combate à discriminação de gênero. Essa relação que a sociedade ainda impõe de a mulher ser inferior ao homem é o que faz com que o homem ache que a mulher é um objeto".
A presidente da Associação Brasileira em Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (Asbrad), Dalila Figueiredo, comentou ser necessário o empoderamento das mulheres para enfrentar a violência. "Existem os canais de denúncia. O 180 é um canal de denúncia que deve ser usado. A Lei Maria da Penha trouxe medidas importantes para que as mulheres tenham proteção, acesso à justiça e garantia de direitos", observou.
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