Em live realizada, na quarta-feira (19/5), pelo deputado Carlos Giannazi e pelo vereador Celso Giannazi (ambos do PSOL), o professor da USP Eduardo Girotto comentou aspectos importantes do Programa Escola Integral que vêm sendo omitidos pelo governo Doria.

Em estudo publicado pela Rede Escola Pública e Universidade (www.repu.com.br/notas-tecnicas), Girotto e outros pesquisadores demonstraram que as escolas PEI privilegiam áreas de baixa vulnerabilidade social. Isso já seria um motivo para as 365 escolas em todo o Estado, incluídas no modelo desde 2018, apresentarem resultados educacionais superiores à média da rede estadual. Mas a análise vai além: como não existe nenhum programa de permanência estudantil, as PEIs acabam promovendo - talvez deliberadamente - a exclusão dos alunos com menos condições socioeconômicas.

"Nós comprovamos que há uma fabricação de resultados. Entre os estudantes do período noturno [que apresentam menores notas nos exames oficiais], a exclusão foi superior a 98%", apontou Girotto, citando também um estudo de caso ainda não publicado, realizado em 12 escolas PEI, que revelou a redução da participação (cerca de 55%) tanto de alunos negros quanto dos que recebem Bolsa-Família.

O problema foi abordado também pela supervisora de ensino Luciene Cavalcante e pelo professor Aldo Santos. A primeira consequência é a superlotação de salas para onde esses alunos estão sendo remanejados, mas há também migração de alunos para as redes municipais - que muitas vezes não estão preparadas para absorver essa demanda.